CPI do MST pode encerrar trabalhos antecipadamente, diz Ricardo Salles
Relator destacou tensões políticas e falta de condições para continuar investigações
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), anunciou nesta quinta-feira (10), que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pode chegar ao desfecho antes do previsto. A comissão está considerando encerrar seus trabalhos já na próxima semana, antecipando-se ao prazo oficial de 14 de setembro.
A decisão de encurtar o período de investigações ocorre em meio a um cenário de esvaziamento da CPI, provocado por uma aliança entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o governo. Membros da comissão que fazem oposição ao governo acreditam que o momento seja propício para finalizar o relatório e levá-lo a votação nos próximos dias.
Salles destacou que a falta de condições para prosseguir com a investigação e a percepção de manobras políticas levaram à decisão de não prorrogar a CPI. Ele declarou: "Se não temos condições de ficar atuando para buscar a verdade, não vamos ficar fazendo teatro na CPI."
A reunião recente da CPI, que tinha como objetivo ouvir o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, evidenciou a perda de vigor da comissão após mudanças em sua composição. Os embates entre a base aliada ao governo e a oposição cederam lugar a um depoimento menos acalorado por parte de Teixeira.
Ricardo Salles também deixou claro que a apresentação do relatório na semana seguinte é uma medida concreta, mas admitiu que há dúvidas quanto à aprovação do relatório dadas as atuais configurações políticas da comissão. "Essa é a última medida. A entrega do relatório e submissão ao voto. Com essa configuração da comissão agora temos sérias dúvidas se aprovariam um relatório. Não estamos nem contando com essa hipótese de aprovar o relatório", afirmou o relator.