Criminalidade mantém 48% do mercado de cigarros no Brasil, aponta pesquisa
Pandemia e alta do dólar contribuíram para mercado ilegal nos últimos dois anos
Foto: Getty Images
Dados de um novo levantamento feito pelo Instituto Ipec Inteligência apontam que, em 2021, a ilegalidade respondeu por 48% de todos os cigarros consumidos no Brasil. Nesse caso, 39% foram contrabandeados, principalmente do Paraguai, e 9% produzidos no Brasil por fabricantes classificados como devedores contumazes, que fazem do não pagamento de impostos o seu negócio.
Com isso, o estudo aponta que 53,1 bilhões de cigarros ilegais circularam nas cidades brasileiras no último ano. A pesquisa foi divulgada com exclusividade neste 3 de março, Dia Nacional de Combate ao Contrabando, pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).
A pandemia e a alta do dólar contribuíram para que o mercado ilegal de cigarros se mantivesse relativamente estável nos últimos dois anos, passando de uma participação de mercado de 49% para 48%, após queda inédita de 8 pontos percentuais em 2020. Mesmo assim, o consumidor brasileiro tem acesso a um cigarro ilícito até 65% mais barato em comparação ao produto legal.
Hoje, o cigarro do crime custa cerca de R$ 4,60, já o produto legal, produzido nacionalmente, sob as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é comercializado por lei a partir de R$ 5. Além disso, 88% dos cigarros ilegais são vendidos em comércios formais, como bares, padarias e mercadinhos.
Para Edson Vismona, presidente do FNCP, o combate ao mercado ilegal exige ações de longo prazo. “O combate ao cigarro do crime não pode depender de fatores externos, como a alta do dólar, que aumenta o preço do ilegal, reflexo de um cenário atípico e circunstancial. Reprimir o ilegal é também incentivar e apoiar quem produz dentro da lei, cumprindo com suas obrigações, gerando empregos e renda no Brasil. Precisamos inverter essa lógica, onde quem afronta a lei tem muitas oportunidades e quem respeita a lei muitas dificuldades”, afirmou.