Crise Humanitária em Gaza coloca crianças em risco extremo, afirma ONU
Unicef alerta para a gravidade da situação e pede cessar-fogo imediato
Foto: UNICEF/Eyad El Baba
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) emitiu um alerta preocupante, indicando que Gaza tornou-se o lugar mais perigoso do mundo para crianças, com a ameaça de mortes por doenças superando aquelas causadas por bombardeios, caso um cessar-fogo não seja implementado.
Na terça-feira (19), o porta-voz do Unicef, James Elder, destacou a situação crítica enfrentada pelas crianças em Gaza, sublinhando a falta de alimentos, água, abrigo e saneamento, que coloca suas vidas em risco. Ele ressaltou que as crianças estão enfrentando "10 semanas de inferno" sem abrigos seguros no enclave.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir novamente para votar uma nova resolução visando uma pausa nos combates e facilitação do acesso à ajuda humanitária. Autoridades de saúde de Gaza relatam mais de 19,4 mil palestinos mortos desde o início da retaliação de Israel em outubro, com aproximadamente 70% dessas vítimas sendo mulheres e crianças.
Com mais de 52 mil palestinos feridos e serviços de saúde extremamente limitados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que apenas oito dos 36 hospitais em Gaza estão operacionais, ainda que parcialmente. Hospitais, já superlotados, enfrentam bombardeios constantes, exacerbando a crise humanitária.
James Elder, em sua última visita a Gaza, testemunhou jovens amputados, destacando que cerca de 1 mil crianças perderam uma ou ambas as pernas. O maior hospital restante em Gaza, o Hospital Al Nasser em Khan Younis, foi bombardeado duas vezes nas últimas 48 horas, agravando ainda mais a situação.
A falta de saneamento adequado é uma preocupação urgente, com um banheiro para cada 700 pessoas em Gaza, em média. A OMS destaca mais de 100 mil casos de diarreia em crianças, combinados com o aumento da desnutrição, formando uma ameaça letal crescente.
O acesso limitado aos suprimentos humanitários é um dos principais obstáculos. Elder salienta que as condições para fornecer ajuda às crianças em Gaza não estão sendo atendidas, com o número de caminhões permitidos muito abaixo da média diária anterior a 7 de outubro.
A representante da OMS, Margaret Harris, enfatiza a dificuldade de levar ajuda para onde é necessária, não apenas devido aos conflitos em andamento, mas também aos danos massivos nas estradas. Ela destaca que um cessar-fogo humanitário imediato e duradouro é a única maneira de interromper as tragédias, permitindo a entrega urgente de ajuda vital.