Crise humanitária em Gaza: ONU emite alerta para fome generalizada e ameaça de doenças
Milhares de pessoas vivem em condições precárias na superlotada cidade de Rafah
Foto: Unicef/Abed Zagout
A Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) de Assistência aos Palestinos (Unrwa) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) lançaram um alerta conjunto, nesta terça-feira (2), sobre a iminente ameaça de fome e doenças em áreas densamente povoadas em Gaza. Milhares de pessoas, fugindo da violência, vivem em condições precárias na superlotada cidade de Rafah.
A ONU afirma que a crise alimentar atinge proporções alarmantes, com mais de 1 milhão de pessoas buscando segurança na cidade de Rafah, onde centenas de milhares enfrentam condições adversas ao dormirem ao ar livre, sem roupas adequadas para proteção contra o frio. Crianças desnutridas estão em risco particular, e trabalhadores humanitários da ONU alertam que "metade da população de Gaza está passando fome", de acordo com as últimas avaliações de insegurança alimentar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça essas preocupações, alertando para um "risco iminente" de surtos de doenças transmissíveis. Desde meados de outubro, houve 179 mil casos de infecção respiratória aguda, 136,4 mil casos de diarreia em menores de cinco anos, 55,4 mil casos de sarna e piolhos, e 4,6 mil casos de icterícia.
Desde os ataques liderados pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, os confrontos na Faixa de Gaza resultaram em mais de 22 mil mortes, principalmente mulheres e crianças, segundo autoridades locais de saúde. O PMA destaca que todos, inclusive as vítimas dos bombardeios, sofrem com a fome.
Os números das forças israelenses indicam 168 soldados mortos desde o início da operação terrestre em Gaza, com 955 feridos.
Autoridades de saúde de Gaza relatam mais de 200 palestinos mortos apenas nesta segunda-feira, com 338 feridos. Além disso, 7 mil pessoas estão desaparecidas ou enterradas sob os escombros, segundo a OMS.
O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha) destaca esforços para retomar alguns serviços hospitalares no norte de Gaza, mesmo com os contínuos bombardeios em bairros residenciais. Autoridades de saúde, Unrwa e OMS coordenam um plano para reativar centros de saúde e atender às necessidades dos deslocados.
Na Cisjordânia, o Ocha relata a primeira demolição de propriedades palestinas em 2024, com 300 palestinos mortos desde outubro. Ataques crescentes das forças israelenses e assentados resultaram em mortes, ferimentos e danos extensivos. A crise se estende à Cisjordânia, onde o aumento acentuado em ataques aéreos e incursões prejudica civis e infraestrutura.
As autoridades israelenses, segundo o relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU, supervisionaram a demolição recorde de mais de 1 mil estruturas no ano passado, deslocando 2.210 pessoas.