Crise na COP30: altos preços das acomodações em Belém preocupa e autoridades pedem realocação do evento
Estados pobres e em desenvolvimento podem ser excluídos da conferência por causa dos valores que chegam até R$ 3,3 mil ou mais de 10 vezes acima dos valores normais.

Foto: Cop30.br
Os altos preços das acomodações em Belém (PA) para a COP 30 têm preocupado autoridades, os quais já pedem realocação do evento. Segundo a Secretaria do Clima da Organização da Nações Unidas (ONU), organizadora da conferência, os valores podem vir a excluir países pobres do evento.
De acordo com informações da agência Reuters divulgada pelo G1, os preços das hospedagens chegam até US$ 600, o equivale a mais de R$ 3,3 mil, ou mais de dez vezes os valores normais.
O presidente da COP30, André Corrêa Lago, disse que os Chefes de Estados têm pressionado o Brasil para transferir a conferência de Belém para outro local em decorrência dos preços abusivos. Ele afirmou ainda que países em desenvolvimento têm mostrado revolta com a situação, declarando que não podem vir ao evento.
André afirma que o setor hoteleiro da cidade não tem noção da gravidade da situação e que o diálogo é a melhor opção no cenário atual, pois a legislação brasileira não permite a imposição de limites aos valores da rede hoteleira. A Casa Civil estaria coordenando um grupo para conter o problema.
O relato ocorreu durante um encontro realizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE) em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Juan Carlos Monterrey Gómez, negociador panamenho, já havia demonstrado preocupação com o fato em junho desde ano. Ele chegou afirmar que a COP30 poderia ser a “mais inacessível da história recente” e que países em desenvolvimento e insulares, assim como vozes indígenas e da sociedade civil, poderiam não ser “adequadamente representados – se é que seriam representados”.
O presidente do Grupo Africano de Negociadores (AGN), Richard Muyungi, afirmou ao jornal “The Guardian”, que o Brasil tem condições de fazer um evento melhor. “É por isso que estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, disse.
Além dos altos valores, Belém não tem leitos suficientes para acomodar as 45 mil pessoas que podem comparecer à COP30. Atualmente a capital tem apenas 18 mil leitos de hotéis e está tentando expandir a rede hoteleira.
O governo federal, como forma de contornar a situação, anunciou a contratação de navios de cruzeiro fornecendo mais de seis mil leitos extras. Também foi anunciado preços de diárias mais acessíveis com valores até US$ 220. Porém o número é superior aos US$ 149 oferecidos pela ONU como subsídio diário de subsistência para países pobres.
Na última terça-feira (29), uma reunião de urgência do “COP bureau” foi realizada pela Secretaria do Clima da ONU, a pedido de Muyungi, para discutir preparativos operacionais e logísticos do evento. O Brasil se comprometeu em avaliar e propor soluções até 11 de agosto.
A situação tem repercutido nas redes sociais, a exemplo do X.
A COP30 é um fórum anual que tem como objetivo o debate sobre questões climáticas globais. O evento ocorrerá no Parque da Cidade de Belém, no Pará, entre os dias 11 e 21 de novembro com a participação de autoridades dos 198 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobrea Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês). O investimento é estimado em R$ 4,7 bilhões pelo governo.