Cuba derruba acesso à internet após protestos
Ação tem objetivo de evitar troca de informações e convocações de novos protestos contra o regime atual
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Em meio a manifestações contra o governo, Cuba limitou o acesso da população à internet. De acordo com os serviços de monitoramento, o acesso foi cortado em quase toda a ilha e tem o objetivo de evitar troca de informações e convocações de novos protestos contra o regime atual. Além disso, o prédio do Capitólio, onde mais de mil manifestantes se reuniram no último domingo (11), foi isolado.
De Havana a Santiago, Cuba registrou as maiores manifestações antigovernamentais em décadas. Os cubanos protestam contra a crise econômica que assola o país e pedem ações no combate à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Nas manifestações do último domingo, os cubanos também pediram o fim do comunismo e gritaram "liberdade" pelas ruas. Nesta terça-feira (13), a Anistia Internacional disse ter recebido informes de "apagões da Internet, detenções arbitrárias e uso excessivo da força, com disparos policiais contra manifestantes".
A empresa de monitoramento de rede Kentik disse que observou todo o país ficar offline por menos de 30 minutos por volta das 16h do último domingo, seguido por várias horas de interrupções intermitentes. "Até muito recentemente, grandes interrupções na Internet eram muito raras", disse Doug Madory, diretor de análise da Internet da Kentik. "O desligamento da Internet é uma novidade para Cuba em 2021."
O observatório de bloqueio de Internet NetBlocks disse que houve uma interrupção parcial nas redes sociais e plataformas de mensagens em Cuba na última segunda-feira (12), "provavelmente para limitar o fluxo de informações de Cuba". A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que está monitorando os protestos e pediu que os direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica sejam respeitados.
O líder do governo cubano, Miguel Díaz-Canel, fez um pronunciamento e afirmou que os apoiadores das manifestações estarão contribuindo para “uma mudança de regime que trará um sistema que não terá preocupação com o bem da população”. Agências de notícias internacionais também informaram que foram registrados cortes de energia em algumas regiões do país. A medida gerou reações negativas ao redor do mundo. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou, na segunda-feira (12), a prisão e os ataques a jornalistas independentes em Cuba durante os protestos ocorridos no domingo e denunciou a interrupção do serviço de internet, alegando que as forças de segurança agiram “com a clara intenção de restringir as liberdades de associação, imprensa e expressão”.