Cúpula do Clima: Bolsonaro promete ações de preservação dos biomas brasileiros; confira mais sobre cada um deles
Brasil é o único país do mundo com seis biomas
Foto: Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu nesta quinta-feira (22), durante videoconferência na Cúpula do Clima, adotar medidas que reduzam as emissões de gases e exigiu da comunidade internacional uma "justa remuneração" por "serviços ambientais" prestados pelos biomas brasileiros ao planeta. No evento convocado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e no qual participaram 40 chefes de Estado e de Governo e líderes de organizações internacionais, Bolsonaro prometeu também eliminar a desflorestação ilegal até 2030.
O Brasil, dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, é o único país que possui seis biomas, um conjunto de espécies de plantas e animais que vivem em determinada região. Cada bioma tem fauna e flora específicas que são definidas pelas condições físicas, climáticas e geográficas da região. As florestas brasileiras ocupam aproximadamente 60% do território brasileiro e desempenham importantes funções sociais, econômicas e ambientais. Além disso, o Brasil é o segundo país do mundo com mais áreas florestais, ficando atrás somente da Rússia.
Veja quais são os seis biomas brasileiros:
Caatinga
Foto: Reprodução/Biologia Total
A Caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Este tipo de floresta está presente nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e no norte de Minas Gerais.
A vegetação da Caatinga se caracteriza pela presença de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas, porém nos períodos das águas com vegetações verdes. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver.
A caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país. A biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. Apesar da sua importância, a Caatinga tem sido desmatada de forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio e a conversão para pastagens e agricultura.
Cerrado
Foto: Reprodução/Brasil Escola
O Cerrado consiste no segundo maior bioma brasileiro, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. O bioma foi considerado, segundo o Serviço Florestal Brasileiro, a savana mais rica do planeta, com aproximadamente 12 mil espécies de plantas nativas. A área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas.
A vegetação que prevalece neste tipo de floresta são os arbustos e árvores com troncos retorcidos e com grande capacidade de armazenar água. A vegetação do Cerrado é adaptada ao clima muito seco e com constante presença de queimadas. Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro.
Apesar da riqueza do bioma, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da fronteira agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão.
Mata Atlântica
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Mata Atlântica, apesar de muito desmatada, preserva grandes áreas com alto nível de preservação. Ela ocupa aproximadamente 13% do território nacional e se encontra presente em 17 estados brasileiros.
Apesar de muito reduzida e fragmentada, a Mata Atlântica abriga mais de 20 mil espécies vegetais, incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Essa riqueza é maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa) e por isso a região da Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. Em relação à fauna, os levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.
O bioma é composto por diversas formações florestais, como os mangues do Nordeste e as araucárias do Sul. Suas árvores são principalmente de médio e grande porte. Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, a Mata Atlântica tem importância vital para aproximadamente 120 milhões de brasileiros que vivem em seu domínio, onde são gerados aproximadamente 70% do PIB brasileiro, prestando importantíssimos serviços ambientais.
Pampa
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km², de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isto corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro. As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies (campim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos de-porco, dentre outras).
Pantanal
O Pantanal ocupa aproximadamente 2% do território brasileiro, caracterizando-se por ser uma região de savana estépica alagada. As formas vegetais desse bioma são bastante variadas e sua paisagem muito heterogênea, formando uma região de grande diversidade de flora. O Pantanal está presente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Paraguai e da Bolívia. Nos últimos anos, o Pantanal Brasileiro sofreu com grandes queimadas, o que comprometeu grande parte da sua flora e fauna.
Uma característica interessante desse bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú, ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.
Amazônia
A Amazônia é um dos biomas mais importantes do mundo, representando aproximadamente 30% das florestas tropicais do mundo. A extensão e biodiversidade do bioma fazem com que ele seja reconhecido nacional e internacionalmente. É característico da floresta Amazônica grandes árvores, com copas fechadas e de folhas largas, o que limita a entrada de luz solar no interior da floresta.
Este tipo de floresta está presente nos estados brasileiros do Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e parte do Mato Grosso. Além do Brasil a floresta Amazônica também está presente na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
A Amazônia é o maior bioma do Brasil: num território de 4,196.943 milhões de km2 (IBGE,2004), crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul). A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: cobre cerca de 6 milhões de km2 e e tem 1.100 afluentes. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo.
Desmatamento
Um levantamento do Instituto Imazon concluiu que a Amazônia teve a maior taxa de desmatamento em dez anos para o mês de março. De acordo com o estudo, a Amazônia perdeu 810 quilômetros quadrados de floresta em março. Para se ter uma dimensão do estrago, o tamanho da área devastada é um pouco maior que a cidade de Goiânia. O desmatamento aumentou 216% em relação a março de 2020.
A devastação atingiu principalmente os estados do Pará (35%), Mato Grosso (25%) e Amazonas (12%). A maior parte da floresta que veio abaixo estava em propriedades privadas ou em estágio de posse (66%). Assentamentos (22%) e unidades de conservação (11%) também perderam mata nativa.
Uma das regiões mais desmatadas em 2021 fica no assentamento Nelson de Oliveira, em Novo Progresso, Sudoeste do Pará. Em janeiro, a floresta estava intacta. Dois meses depois, surge a marca da devastação, que tem o tamanho de quase 2 mil campos de futebol. A destruição foi tão acelerada que já comprometeu 40% da área total do assentamento, e se aproxima da região vizinha, a Floresta Nacional do Jamanxim. Essa área, protegida por lei por causa de sua enorme biodiversidade, também vem sendo alvo das derrubadas em 2021.