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Daltonismo: entenda como a ausência de cores afeta o cotidiano de quem possui a condição

Condição é hereditária e mais comum em homens, devido à sua ligação com o cromossomo X

Por Deivide Sena
Às

Atualizado
Daltonismo: entenda como a ausência de cores afeta o cotidiano de quem possui a condição

Foto: Reprodução/Canva

No Brasil, durante o primeiro semestre de 2025, 656 pacientes receberam atendimento ambulatorial relacionado à deficiência da visão cromática, popularmente conhecida como daltonismo. De acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), esse número é 10,25% maior que o registrado durante o mesmo período do ano anterior, 595.

O daltonismo é uma alteração na maneira como os olhos percebem as cores. De acordo com a oftalmologista Dra. Luciana Sartor Montolar, especialista em neuroftalmologia e estrabismo, a condição “acontece quando os cones da retina (células responsáveis por captar os estímulos de luz colorida) não funcionam corretamente.”

Entre os tipos de daltonismo, os mais comuns são a deuteranopia, quando o paciente possui dificuldade de perceber o verde, e a protanopia, quando há dificuldade de perceber o vermelho. Em casos mais raros, há a dificuldade de perceber o azul, a chamada tritanopia.

A condição é hereditária e mais comum em homens, devido à sua ligação com o cromossomo X. No entanto, o daltonismo pode ser adquirido na vida adulta, após doenças da retina, do nervo óptico ou uso de alguns medicamentos. Nestes casos, é recomendado investigar.

O diagnóstico é feito através de testes, sendo o mais conhecido o teste de Ishihara, que consiste na visualização de uma série de cartões com pontos coloridos e números.

Foto: Reprodução

O designer Gabriel Davila Froner, de 21 anos, descobriu que possui deuteranopia ainda na pré-escola. Quando criança, ele costumava confundir as cores verde e marrom. “Eu pintava a bandeira do Brasil de marrom, não de verde. E, quando isso aconteceu, a minha professora anotou e ela falou para os meus pais: ‘poxa, eu acho que o filho de vocês é daltônico, seria bom ver isso daí, né?’”, conta.

Ele possui dificuldade, principalmente, com cores derivadas do vermelho, como rosa, marrom e roxo. “Então, o roxo vira azul, e não necessariamente nem vira azul, mas é como se a minha visão, o meu círculo cromático que eu enxergo, fosse um pouco menor. Então, não é azul ou roxo, para mim é meio que a mesma coisa. Então, o marrom vira verde e o rosa, às vezes, até vira cinza. Acaba sendo curioso”, explicou.

Por ser designer e dar aulas de pintura, Gabriel enfrenta diversas limitações na sua carreira profissional por conta do daltonismo. No entanto, ele desenvolveu técnicas para conseguir continuar trabalhando, como o uso do círculo cromático — uma representação em círculo das cores percebidas pelo olho humano. 

“Eu me dediquei muito a entender como a cor funciona. Então, entendi como funciona o espectro de cores visíveis, como o olho recebe essas cores, onde fica cada cor nesse espectro, e isso facilita muito para eu entender. Não sei se essa cor é essa ou aquela, eu vou pela lógica. Às vezes, também, contextos culturais”, revelou.

“Um exemplo disso é, na escola, as carteiras, os bancos, em si, eu não sei se é azul ou roxo, mas, pela lógica, eu sei que é azul. Azul é muito mais usado em instituições escolares. Então, eu vou olhar e falar, azul, que é o que faz sentido. Então, eu acabo lidando muito pela lógica e pela construção que eu sei do ambiente”, complementou.

Gabriel chega a ser alvo de brincadeira entre os colegas de trabalho por suas habilidades com as cores. “Eles falam que eu sou tipo o demolidor do design, porque eu não vejo as cores e, mesmo assim, eu consigo fazer as peças gráficas que eu faço, consigo fazer os trabalhos do dia a dia. Então, eu levo com muita leveza, muita brincadeira”, contou.

Óculos para daltonismo

O daltonismo hereditário não possui cura. No entanto, existem alguns recursos disponíveis para melhorar a qualidade de vida de pessoas daltônicas, como aplicativos, softwares de correção de cor e óculos especiais. Isso pode auxiliar essas pessoas a fazer tarefas comuns do dia a dia, como escolher roupas ou distinguir cores de objetos e do semáforo.

Segundo a Dra. Luciana, os óculos para daltonismo “utilizam filtros especiais que aumentam o contraste entre determinadas faixas de cores, ajudando o paciente a diferenciá-las melhor”. No entanto, eles não restauram a visão normal de cores.

Na última semana, um vídeo de um bombeiro recebendo de presente um óculos para daltonismo dos colegas da corporação viralizou nas redes sociais. Lincoln Rafael Rosales, de 35 anos, possui um tipo raro da condição, a acromatopsia — quando há a ausência total de cores.

No vídeo, é possível ver Linconl colocando os óculos pela primeira vez e ficando impressionado ao perceber as cores ao seu redor. Confira o vídeo:

 

No entanto, mesmo com os recursos disponíveis, Gabriel Davila Froner não costuma utilizá-los. “Não uso nenhum recurso, além do círculo cromático em si, impresso, e do entender como funcionam os códigos hexadecimais e semic. Esses são meio que os meus guias, de modo geral… Eu não sou fã. Eu gosto muito da maneira com que eu enxergo. Então, só pelo fato de entender a cor, eu já fico feliz”, afirmou.

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