Desembargador aposentado acusa filhos de usurpar patrimônio em carta aberta

O desembargador aposentado Silvio de Arruda Beltrão, de 80 anos, divulgou na última terça-feira (09) uma carta aberta na qual acusa seus filhos de tentarem "usurpar" seu patrimônio e sustenta estar "plenamente apto" para administrar seus próprios assuntos.

Os filhos haviam sido designados como curadores do pai após um laudo médico determinar sua interdição. No entanto, essa medida foi revertida na semana anterior a pedido do próprio desembargador, que expôs suas emoções de maneira veemente durante uma sessão de julgamento.

A carta aberta lança um novo episódio na contenda familiar, com o magistrado alegando que seus filhos estão buscando minar sua credibilidade.

"Eu não sofro de demência nem de qualquer enfermidade cognitiva", rebate Beltrão. "Até os próprios médicos que primeiramente atestaram minha suposta enfermidade já se manifestaram por meio de novos laudos atualizados, afirmando que não tenho nenhuma doença cognitiva, e pediram desculpas pelo erro cometido contra minha pessoa."

Além disso, a carta aberta acusa os filhos de tentarem obstruir sua atuação como advogado, descrevendo tal ação como um "ato covarde, sem vergonha e desrespeitoso".

O desembargador já havia expressado críticas a um de seus filhos, o juiz Sílvio Romero Beltrão, que também é desembargador substituto no Tribunal de Justiça de Pernambuco, ao chamá-lo de "desonesto". Ele prossegue na carta afirmando que não busca perdão pelo que foi dito.

"Revelar apenas um fragmento do que sei sobre o comportamento inadequado e irregular de um dos meus filhos em sua atuação na magistratura foi uma ação comedida. O perdão da suposta família, que está me causando tanto sofrimento, não é relevante neste momento, mas o devido respeito a um pai e à justiça certamente é", declara o magistrado em sua carta.

Leia a íntegra da manifestação:

RESPOSTAS AOS MEUS FILHOS

Eu, Silvio de Arruda Beltrão, estou plenamente apto para gerir a minha vida, tanto assim o é que a curatela que me foi, equivocadamente imposta já fora revogada com lastro nos laudos de médicos especialistas.

Não quero o perdão pelo que disse, pois falei pouco, muito pouco, de tudo que sei a respeito do comportamento irregular e inadequado de um dos meus filhos no exercício da magistratura, do qual muito me envergonha. O perdão da suposta família, que está me impingindo tanto sofrimento, não se faz útil nesse momento, mas o necessário respeito a um pai e a justiça, sim.

A minha manifestação em defesa do meu direito à existência como cidadão, foi tão intensa quanto é a sanha dos meus filhos com o intuito de descredibilizar-me para que eles possam intervir em minha vida pessoal, nas minhas vontades, nas minhas decisões, na minha família e sobretudo, usurpar a administração do meu dinheiro, do meu patrimônio e da minha esposa, com quem vivo há mais de quinze anos, e que tem procedido maravilhosamente bem.

Inclusive, os próprios médicos que inicialmente atestaram suposta enfermidade já declararam através de novos laudos atualizados, que eu não possuía nenhuma doença cognitiva e solicitaram remissão pelo equívoco cometido contra a minha pessoa, pois se hoje chego aos oitenta anos, trabalhando como advogado e despachando nos Gabinetes dos Juízes e Desembargadores, fazendo inclusive sustentação oral e minhas próprias petições, torna-se evidente que eu não estou demente nem possuo qualquer doença cognitiva, que possa me impossibilitar de advogar, digo isto pois, lamentavelmente, meus filhos tiveram a insânia de requerer ao Juiz que oficiasse a Ordem dos Advogados de Pernambuco pretendendo me impedir de advogar, num ato de covardia, de falta de vergonha e de respeito para com seu Pai.

Assim, rememoro os ensinamentos de Jesus quando disse: OS INIMIGOS DO HOMEM SERÃO OS DA SUA PRÓPRIA FAMÍLIA. Mateus 10:36, da Bíblia Sagrada.

Recife, 08 de Agosto de 2023.

Silvio de Arruda Beltrão.