Designer e artista plástico Martin Margiela se apossa e transforma todos os espaços da parisiense Lafayette Anticipations
Aos detalhes...
Foto: Divulgação
Treze anos se passaram desde que Martin Margiela, influente designer belga, deixou a moda. Conhecido internacionalmente como ‘invisível’, ele nunca deu uma entrevista e sempre permaneceu nos bastidores de seus desfiles. Mas agora ele está de volta à cena como artista em uma exposição que leva seu nome na Lafayette Anticipations - Fondation d'entreprise Galeries Lafayette, em Paris.
A mostra, inaugurada nesta quarta-feira, dia 20, ficará em cartaz até 2 de janeiro de 2022. Nesse período, o público poderá admirar mais de 22 obras inéditas entre instalações, esculturas, colagens, pinturas e filmes que, sob o olhar da curadora Rebecca Lamarche-Vadel, seguem uma hipótese: Margiela sempre foi um artista. Reconhecido internacionalmente desde o final dos anos 80 no campo da moda, ele tem se empenhado, ao longo de sua trajetória como designer, em desbravar um a um os códigos por meio de desfiles, materiais e silhuetas que desde então se tornaram revoluções conceituais e estéticas.
A força e a ousadia dos gestos por ele implantados empurraram para trás as fronteiras da arte, indo muito além de seus territórios tradicionalmente consagrados. Margiela nunca deixou de oferecer novas áreas de experiência, ampliando constantemente os limites do trabalho.
Concebida como uma obra de arte total, a exposição inaugurada é uma experiência que persegue a obsessão do artista pela transformação e pelo desvio. Nesse sentido e na contramão dos hábitos dos visitantes da Lafayette Anticipations, todos são convidados a entrar pela saída de emergência e mergulhar numa viagem labiríntica em que as obras aparecem e desaparecem de diferentes pontos de vista.
Todas as obras, produzidas em grande parte in loco nas oficinas da Fundação, retomam as próprias obsessões do artista, com o corpo muito presente: anatomias inspiradas na tradição acadêmica, cabelo e pele tangenciando a abstração como tantos vestígios da passagem de tempo.
O tema do desaparecimento é onipresente nesta mostra. Margiela nunca teve medo da ausência. Com ele, a vida de um objeto ou ser nunca termina, Ele está sempre mudando, pronto para uma infinidade de renascimentos. Contra a maré de valores dominantes, o artista celebra a beleza do vulnerável, da fragilidade e da transitoriedade, transformando o trivial em provocações à descoberta, à surpresa e a uma forma de reencantamento.
Sobre Martin Margiela
Nascido em Genk (Bélgica) em 1957, Martin Margiela formou-se pela Academia Real de Belas Artes de Antuérpia em 1979. Pouco tempo depois, mudou-se para Paris, onde trabalhou como designer. Entre 1985 e 1987, atuou no ateliê de Jean Paul Gaultier antes de mostrar sua primeira coleção sob sua própria marca, a Maison Margiela. Entre 1997 e 2003 foi o diretor criativo da linha feminina da grife Hermès. Em 2010, foi nomeado membro convidado da Chambre Syndicale de la Haute Couture. Ao longo de sua carreira manteve-se afastado dos holofotes: sempre fugiu de jornalistas e seu rosto não é conhecido publicamente. Há apenas uma foto conhecida, mas nunca oficialmente verificada.
(SERVIÇO)
Martin Margiela
Onde: Lafayette Anticipations – Fondation d'entreprise Galeries Lafayette
Endereço: 9, Rue du Plâtre, F-75004, Paris
Visitas: sem agendamento
Horário: segunda, quarta, sexta, sábado e domingo, das 11h às 19h; às quintas, entre 11h e 21h; fecha às terças
Site: https://www.lafayetteanticipations.com/