Desmatamento da Amazônia em março bate recorde e é o maior dos últimos seis anos
Dados do Inpe apontam 367,61 km² de desmatamento
Foto: Agência Brasil
O desmatamento mensal na Amazônia voltou a crescer em março e bateu o recorde para o mês no histórico recente do Deter, sistema de monitoramento de desmate do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com início em 2015. Os dados do instituto, atualizados nesta sexta-feira (9), mostram 367,61 km² de desmatamento. O recorde anterior pertencia a 2018, com 356,6 km² destruídos, seguido por 2020, com 326,49 km² derrubados.
O Deter tem a função de auxiliar órgãos de fiscalização ambiental em ações de combate a crimes. Porém, os dados fornecidos pela plataforma podem ser usados para observar o avanço do desmatamento no bioma. Ainda segundo os dados, a destruição da floresta em março teve crescimento de 12,6% em relação a março de 2020, ano em que o desmatamento atingiu os níveis mais elevados dos últimos 12 anos, mesmo em meio à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Historicamente, os próximos meses tendem a ter números maiores de desmatamento, com a aproximação da temporada seca na floresta, período que concentra a derrubada de floresta e queimadas na Amazônia. Além da perda de biodiversidade, o desmate tem outro impacto relevante: a emissão de gases-estufa. A destruição da Amazônia é a principal fonte de emissões do Brasil.
O país tem sido pressionado para colocar ações no combate ao desmatamento, cobrança que deve ser intensificada durante a gestão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Enquanto isso, o bilionário Fundo Amazônia, que financiava medidas de combate a desmatamento e incêndios, foi paralisado e posteriormente terminado na gestão Jair Bolsonaro (sem partido).
Janeiro e fevereiro tiveram redução de desmatamento, o que era comemorado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, chefe do Conselho da Amazônia, como uma tendência de queda de desmate. Nos meses de redução, Mourão vinha se antecipando ao Inpe e divulgando os dados de desmatamento antes da disponibilização dos mesmos na plataforma do instituto.
O Ministério da Defesa também chegou a celebrar a redução do desmatamento em fevereiro e atribuiu a diminuição à Operação Verde Brasil 2, que colocou militares na floresta para combate ao desmatamento. No entanto, os números de destruição da Amazônia permanecem elevados apesar da presença militar dos últimos anos.