Desmatamento do Cerrado emite mais de 135 milhões de toneladas de CO2 em 18 meses
Dados foram divulgados nesta quarta-feira (18) pelo SAD Cerrado
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O desmatamento no Cerrado, entre janeiro de 2023 e julho de 2024, resultou na emissão de mais de 135 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (18) pelo SAD Cerrado, sistema de alerta desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Essas emissões representam 1,5 vez o volume anual gerado pela indústria brasileira. As áreas de savana foram responsáveis por 65% do total das emissões relacionadas ao desmatamento, liberando 88 milhões de toneladas de CO2.
O Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil, abrange estados como Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, São Paulo e partes do Paraná e da Amazônia. Apesar de sua importância ecológica, mais de 60% da vegetação restante está em propriedades privadas, onde até 80% da terra pode ser legalmente desmatada. O IPAM destaca que isso representa um desafio para a conservação, exigindo políticas mais eficazes de incentivo à preservação e maior fiscalização contra o desmatamento ilegal.
Grande parte do desmate ocorreu na região do Matopiba, uma fronteira agrícola que engloba partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa área sozinha foi responsável por 80% das emissões, liberando 108 milhões de toneladas de CO2, o equivalente à metade das emissões do setor de transportes no Brasil, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Entre os estados que mais emitiram CO2, o Maranhão lidera com 35 milhões de toneladas liberadas pela devastação de 301 mil hectares de vegetação nativa. Tocantins aparece em seguida, com 39 milhões de toneladas emitidas a partir do desmatamento de 273 mil hectares. A Bahia registrou a emissão de 24 milhões de toneladas, enquanto o Piauí fechou a lista dos maiores emissores, com 11 milhões de toneladas de CO2.
O relatório alerta para a necessidade urgente de medidas de preservação e combate ao desmatamento, a fim de mitigar o impacto ambiental e climático na região.