Mais de 60% das áreas de regeneração na Amazônia são novamente devastadas, revela estudo
Os dados, referentes ao período entre 2008 e 2022, destacam uma preocupante tendência de destruição ambiental
Foto: Reprodução/TV Globo
Um levantamento inédito do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), obtido pelo g1, revela que mais de 60% das áreas desmatadas na Amazônia que conseguiram se recuperar ao longo de um período de 15 anos foram novamente devastadas. Os dados, referentes ao período entre 2008 e 2022, destacam uma preocupante tendência de destruição ambiental.
De acordo com a análise do Inpe, a proporção entre o desmatamento e a regeneração das áreas tem diminuído ao longo dos anos. Em 2018, essa taxa era de 24%, mas vem declinando desde então, chegando a 22% em 2022.
O coordenador do programa de monitoramento de biomas do Inpe e líder do estudo, Cláudio Almeida, ressaltou a importância de preservar a resposta da floresta diante das ações humanas e destaca a necessidade de proteger a vegetação secundária para garantir a biodiversidade amazônica.
O estudo, que será oficialmente lançado em abril, servirá como base para o desenvolvimento de políticas públicas de preservação da Amazônia pelo governo federal. Essa iniciativa é parte dos esforços do Brasil para alcançar as metas estabelecidas no Acordo de Paris, visando a recuperação de 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030.
O desmatamento na Amazônia tem sido uma preocupação constante, com mais de 800 mil quilômetros quadrados de floresta devastados na última década e meia, uma área superior a estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo ou Minas Gerais.
O levantamento do Inpe destaca a importância da vegetação secundária, que surge após o desmatamento, mas enfrenta desafios significativos para se estabelecer. Com uma taxa de sobrevivência de apenas 37%, a preservação dessas áreas torna-se crucial para a manutenção do equilíbrio ecológico.
Diante da crescente crise climática, especialistas alertam que a proteção da floresta amazônica é essencial não apenas para a região, mas também para a vida humana. A perda de vegetação aumenta os riscos de eventos climáticos extremos, prejudicando ainda mais o delicado equilíbrio ambiental.
Para enfrentar esses desafios, o Brasil precisa investir em projetos de reflorestamento e preservação de áreas de vegetação secundária. Iniciativas como o Arco da Restauração, lançado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), representam um passo importante.