Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha: saiba quem foram as primeiras mulheres negras no Senado e Câmara Federal
Senadora Laélia de Alcântara era baiana, nascida em Salvador
Foto: Laélia de Alcântara e Antonieta de Barros, respectivamente
No Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado nesta quinta-feira, dia 25 de julho, o Farol da Bahia reuniu a história das duas primeiras mulheres negras que assumiram uma cadeira na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Confira!
Câmara dos Deputados
A primeira deputada negra do Brasil também faz parte do Livro dos Herois e Heroínas da Pátria e está entre as três primeiras mulheres eleitas no país. Antonieta de Barros (1901-1952) se elegeu pelo estado em que nasceu, Santa Catarina, em 1934. Depois, foi reeleita em 1947. Além de sua carreira política, ela também foi uma influente jornalista e trabalhou em diversos jornais, sempre na luta por justiça social e igualdade.
De família humilde, sendo filha de uma mulher que foi escravizada, a deputada enfrentou muitas dificuldades para conseguir ter acesso a uma educação formal, o que aconteceu somente na vida adulta.
Entre os feitos durante a carreira política, Antonieta apresentou o projeto que definiu o dia 15 de outubro como o Dia do Professor em Santa Catarina. Anos depois, em 1963, a data entrou também no calendário nacional do país. Também sempre lutou contra a discriminação racial e de gênero, tendo atuado ainda para garantir educação aos jovens negros brasileiros.
A deputada também fundou uma escola na capital Florianópolis (SC), que foi interditada em 2008. Atualmente, o prédio está em processo de restauração para a implantação do Centro de Cultura, Memória e Arte Negra Catarinense e do Museu Antonieta de Barros.
Em janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou uma lei que inseriu o nome de Antonieta de Barros no Livro dos Herois e Heroínas da Pátria.
Senado Federal
A primeira senadora do Brasil é baiana, nascida em Salvador, mas assumiu o mandato pelo Acre, em 1981. Laélia de Alcântara (1929-2005) também morou no Rio de Janeiro, onde estudou na Faculdade de Ciências Médicas. Depois de formada, a soteropolitana foi atuar como médica obstetra na capital Rio Brande (AC).
Laélia (PMDB-AC) foi a segunda mulher a ocupar uma cadeira no Senado e foi recebida pela então senadora Eunice Michiles (PDS-AM). Segundo registro da Agência Senado, no discurso de posse, a primeira senadora negra do país falou que tinha o objetivo de atuar em defesa da população do Acre.
“Agradeço as demonstrações de apreço e carinho. Sou, como Sua Excelência, representante de uma região eminentemente problemática. Espero aqui trazer uma pequena contribuição e apresentar alguns dos problemas que o povo do Acre vive sofrendo há bastante tempo. No estado, o pauperismo [pobreza] é grande, há carência de quase tudo. Notadamente os problemas ligados à saúde e à instrução pública constituirão objeto de minha especial atenção nesta Casa”, disse.
A senadora assumiu o cargo como suplente do senador Adalberto Sena, pelo PMDB do estado do Acre. Em 1982, após a morte de Adalberto, Laélia assumiu como titular no Senado, onde ficou até o final do mandato, em 1983. Nesse período, teve forte atuação em prol do direito das mulheres e das pessoas negras, além de também ter lutado para a redemocratização do Brasil, já que o país ainda enfrentava uma Ditadura Militar, que só terminaria em 1985.
