Advogadas fazem sucesso na confeitaria com receitas deixadas pela avó
Camila e Marcela Venet contam ao Farol da Bahia como uma brincadeira se tornou fonte de renda
Foto: Farol da Bahia
Com as atividades suspensas no período mais crítico da pandemia da Covid-19, muitos trabalhadores precisaram se reinventar. O que para uns foi um momento de crise, para outros foi o fator necessário para concretizar um sonho, devido ao tempo livre. É o caso das irmãs sócias da The Doçura, Camila e Marcela Venet, duas advogadas que iniciaram a experiência na confeitaria como um hobby, mas que logo depois perceberam a grande oportunidade de empreender.
O que era para ser somente uma brincadeira, para presentear amigos e familiares durante a pandemia com bolos e doces, acabou se tornando um negócio devido ao excelente feedback de quem experimentava as doçuras.
"Eu sempre fui apaixonada por confeitaria e sempre fiz muitos doces. Na pandemia, me sobrou um tempinho e eu comecei a fazer os bolos e ofertar para as pessoas, até como uma forma de reaproximação porque a gente não podia se ver. Enviei para os vizinhos, amigos, familiares. Com isso, comecei a ter um feedback muito bom e as pessoas começaram a pedir encomendas", conta Marcela Venet, de 30 anos.
Ao Farol da Bahia, ela explicou que foi a partir do retorno dessas pessoas que ela passou a pensar na possibilidade de transformar o hobby em uma forma de lucro. Para encarar a novidade, ela se juntou a irmã, Camila, de 32 anos. "Eu disse: 'E se a gente começasse a comercializar? A gente está com tempo e com um bom público'. Aí a gente realmente decidiu investir e começar aos pouco", acrescentou.
História por trás das receitas
Diferente da confeitaria tradicional, com bolos e itens de festa de casamento e aniversário, a proposta da The Doçuras é um pouco diferente. Foi na cozinha caseira que elas se encontraram, preparando receitas deixadas de herança pela avó, Maria Alice Venet.
"O livro de receitas da nossa avó é o tesouro da nossa mãe. Quando a gente começou, Marcela se aventurava e pegava esse livro escondido, mas com as encomendas, a gente disse a ela que ela teria que nos dar porque fizemos os produtos todos baseados nas receitas de minha avó. Depois de muito insistir, ela deixou a gente tirar uma cópia, mas o original segue com ela", explicou Camila.
Ainda segundo Camila, em todas as receitas, pelo menos 80% levam característica da avó Maria Alice, mas por ser um livro muito antigo, elas acabam adaptando com alguns recheios atuais, como Óreo e Nutella.
"Cerca de 80% das receitas são de minha avó. A gente acaba mudando um recheio ou algo do tipo, mas a maioria vem do livro dela. É tudo muito caseiro", completou.
"A base é dela, mas a gente sempre vai acrescentando. Sempre colocamos algo novo, que as pessoas estão gostando de comer, como a Nutella", disse Marcela.
Panetone da sorte
Foi no Natal de 2020 que a dupla oficializou o início das vendas com a receita do panetone tradicional da avó Alice. Com adaptações, entre frutas cristalizadas e o trufado, no total, foram mais de 200 encomendas feitas no período. O que fez com que mais pessoas tivessem acesso a The Doçuras, que atualmente conta com mais de dois mil seguidores nas redes sociais.
"Tinha duas receitas de minha avó e nós adaptamos o que era de frutas cristalizadas e o que era de gotas de chocolate e fizemos. Ficou exatamente igual ao de minha avó. Os dela era o tradicional e não recheado porque na época dela, era mais com frutas. Aí começamos a pesquisar quais eram os recheios mais utilizados", contou Camila ao relembrar do primeiro produto comercializado por elas.
Empreendedorismo no Brasil
De acordo com dados do Ministério da Economia, o país registrou recorde no número de novas empresas abertas em 2020, encerrando o ano com cerca de 20 milhões de negócios ativos. O número representa um aumento de 6% em comparação com 2019.
Se tratando de microempreendedores individuais (MEIs), o crescimento foi ainda maior, com um aumento de 8,4% em relação ao ano anterior, com mais de 2,5 milhões de novos registros.
Futuro da The Doçuras
No momento, segundo Marcela, apesar de sonhar muito com uma loja física, é preciso ter cautela porque as duas ainda atuam no Direito. "A gente acha que se realmente formos abrir alguma coisa, precisa ter uma atenção total e diária. Seria uma escolha mesmo entre a confeitaria e o Direito, é uma coisa que ainda estamoa amadurecendo. Mas é o projeto e seria algo que me deixaria muito feliz, apesar de gostar do Direito", disse.
"Queremos fazer de uma forma mais madura e planejada. Existe um investimento e precisa ser bem pensado. Por isso estamos segurando um pouco", completou.