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Brasil

Dia do combate à gordofobia: 97,8% das pessoas consideradas não magras já foram vítimas de preconceito

Em entrevista, coordenadora do ‘Vai Ter Gorda’ reforça necessidade de ações afirmativas no Brasil

Por Ane Catarine Lima
Ás

Dia do combate à gordofobia: 97,8% das pessoas consideradas não magras já foram vítimas de preconceito

Foto: Reprodução/Pixabay

A sociedade impõe um padrão de beleza e saúde que cultua a magreza e, portanto, atribui ao corpo gordo inúmeros estereótipos negativos. Um preconceito muitas vezes disfarçado de cuidado e preocupação, a gordofobia nega espaço e oportunidade a pessoas gordas. Dados da Pesquisa Mapeamento da Gordofobia no Brasil mostram, por exemplo, que 97,8% das pessoas não magras já foram vítimas desse preconceito no país. Além disso, 29,2% afirmam ter dificuldades de acesso ao mercado de trabalho.

Em entrevista ao Farol da Bahia, Adriana Santos, coordenadora do coletivo de mulheres “Vai Ter Gorda”, reforçou que a gordofobia está presente não apenas nas ofensas, mas em detalhes, como no transporte público, no ambiente de trabalho e na falta de acessibilidade. Segundo ela, a sociedade ainda não está preparada para lidar de forma igualitária com todos os tipos de corpos. Há seis anos, o coletivo atua no combate ao preconceito contra as pessoas gordas na capital baiana e em outros estados brasileiros.

Foto: Reprodução/Instagram

“O coletivo vem dando protagonismo e visibilidade a mulheres gordas, principalmente as baianas e soteropolitanas. A gente propõe à sociedade esse olhar de humanidade e respeito à diversidade corporal. Entre os nossos principais debates, questões ligadas à acessibilidade merecem uma atenção especial. Esse é um dos  maiores enfrentamentos que nós, mulheres gordas, precisamos lidar constantemente. Nós sofremos com a falta de acessibilidade nos espaços. O transporte público, infelizmente, ainda é um grande desafio”, afirmou Adriana.

“A empregabilidade também é uma pauta diária nos nossos debates. Isso porque muitas mulheres gordas têm, além da acessibilidade, o seu direito ao mercado de trabalho negado por conta do fardamento e do vestuário. Na maioria das vezes, as empresas só trabalham com o tamanho padrão de roupa. Portanto, a gente luta para quebrar esses padrões e estereótipos dentro do mercado de trabalho também. Essas mulheres precisam ser inseridas nesses ambientes”, completou.

Ainda de acordo com a pesquisa, 56,1% dos brasileiros enfrentam constrangimento por conta de uniformes. Além disso, 41% apontam cabines de banheiro estreitas nos ambientes de trabalho e 8% relatam que as empresas preferem que a pessoa gorda não tenha contato direto com cliente e fique no backstage. “O preconceito com a pessoa gorda é tão crucial e cruel que muitas vezes nos nega espaço, nos deixa de fora desse ambiente”, reforçou Adriana.

Promovida pela jornalista Thamiris Rezende, a Pesquisa Mapeamento da Gordofobia no Brasil mensura quais são os fatos cotidianos que escancaram o preconceito e a segregação social pelo corpo. O levantamento, que tem margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos e confiança de 95%, contou com a participação de 603 respondentes de todo o Brasil.

“Sem números não há problema. Para entendermos a complexidade de uma problemática como a gordofobia, é preciso mapear estatisticamente para então refletirmos como sociedade quais são as ações concretas e políticas públicas que devem ser adotadas no combate ao preconceito e exclusão social”, disse a idealizadora.

Combate à gordofobia

Celebrado neste sábado (10), o Dia de Combate à Gordofobia, segundo Adriana Santos,  serve para conscientizar a sociedade sobre a importância da diversidade. “É um dia que toda a sociedade, inclusive com a participação do poder público, deve incentivar ações afirmativas. É muito importante conscientizar as pessoas. Essa é uma oportunidade que a gente tem de se mostrar e se posicionar enquanto pessoa gorda na sociedade”, afirmou. 

O coletivo Vai Ter Gorda promove neste sábado,  no espaço Hora da Criança, em Salvador,  um evento em comemoração ao mês da visibilidade gorda. A iniciativa, realizada das 8h às 17h, oferece diversos serviços para essa população, como emissão de documento, exames de ultrassom e palestras. 

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