• Home/
  • Notícias/
  • Brasil/
  • Dia do Orgulho LGBTQIA+: solidão e medo ainda representam população no Brasil
Brasil

Dia do Orgulho LGBTQIA+: solidão e medo ainda representam população no Brasil

Combate à homofobia é reforçado nesta terça-feira (28)

Por Ane Catarine Lima
Ás

Dia do Orgulho LGBTQIA+: solidão e medo ainda representam população no Brasil

Foto: Reprodução/Redes Sociais/ Lucas Rodrigues/©caesisa

À margem da sociedade, a população LGBTQIA+ enfrenta diariamente consequências da homofobia. Solidão, exclusão, medo e resistência são palavras que fazem parte da vida de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e outros grupos de gênero e sexualidade no Brasil. Embora os movimentos sociais que visam combater preconceitos e estereótipos de gênero tenham ganhado força nos últimos anos, ainda há muito o que ser feito.

Isso porque, apesar dos pequenos avanços, dados da última edição do Relatório do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ mostram que o Brasil é, pelo quarto ano consecutivo, o país que mais mata pessoas pertencentes a este grupo no mundo. A luta por existir e reivindicar uma identidade diferente da norma cisheteronormativa é reforçada por Lucas Rodrigues, um homem trans. 

“Viver no Brasil é triste e desesperador. Isso porque a expectativa de vida  para mim, para os meus e para as minhas é de 35 anos. Furar essa bolha e quebrar essa estatística é um processo doloroso. Se a gente quebra e chega aos 35 anos, vem muita coisa na bagagem. E, antes de chegar aos 35 anos, é enfrentar tudo que tenta impedir que a gente não chegue. É muita violência e muita barreira. Se a gente chega aos 35 anos, é uma vitória. Porém, é uma vitória cheia de cicatrizes. Então, é doloroso ser um homem trans no Brasil”, disse Rodrigues, 25 anos, durante entrevista ao Farol da Bahia.  

Desde a infância, Lucas enfrenta o sentimento de não pertencimento. Apesar de ter nascido em um corpo feminino, ele sempre teve fascinação pelo universo masculino. Hoje, depois de romper muitos questionamentos e barreiras internas, além de todo o preconceito que enfrenta perante a sociedade,  ele se identifica como um homem trans. 

“Na minha infância, eu primeiro tive que descobrir o que estava acontecendo. Não tinha informação nenhuma, não sabia o que estava acontecendo comigo e com a minha mente. Além disso, eu não via pessoas iguais a mim. Na verdade, a minha infância foi uma completa solidão. A minha vida também. Mas, ainda falando sobre a minha infância, você olha para um lado e para o outro e não vê ninguém igual. Eram pessoas diferentes que me deixavam só porque também não me entendiam”, disse Lucas. 

“Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo, mas ainda não era sobre mim. Uma criança que é trans, mas achava que aquilo era errado. O tempo todo na minha infância eu não sabia o que estava acontecendo comigo e o porquê pensava em certas coisas, e depois começo a descobrir que gostar de mim não é errado. Além disso, meu corpo não condizia com o que minha mente enxergava. Então, eu estava com demônio no corpo? Isso foi muita construção de igreja e família. Foi uma infância de auto ódio. Me descobri após passar por uma longa confusão”, completou.

Como a maioria das pessoas LGBTQIA+, Lucas também teve relações sociais afetadas e precisou lidar com a exclusão de espaços. No entanto, em meio a tantas recusas, ele contou com o acolhimento de sua mãe. 

“Tive que ouvir muitas vezes que eu estava errado e isso me doeu muito. Além dos amigos e colegas de trabalho, o processo mais longo de aceitação foi com a minha mãe. Na minha mente eu tinha que contar para ela tudo que eu queria fazer como, por exemplo, mudar de nome e tomar hormônios. O processo foi longo, mas foi de surpresa. Ela me acolheu da melhor forma. No dia em que tive coragem para falar com ela, fiquei surpreendido porque ela veio falar comigo sobre. Ela disse que se foi isso que Deus quis, era para eu ser assim”, explicou Lucas.

Foto: Reprodução/Redes Sociais/ Lucas Rodrigues/ ©caesisa

Orgulho LGBTQIA+

Para Lucas, a sensibilidade que a mãe dele teve é um exemplo a ser seguido pela sociedade. Nesta terça-feira (28), é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data é voltada para celebrar a influência das pessoas deste grupo no decorrer da história, mas também para reivindicar mais inclusão e o fim da LGBTQIA+fobia. 

“As pessoas cisheteronormativas não nos enxergam. É tudo voltado para elas. Predomina o pensamento de 'eu não posso errar porque sou da sigla LGBTQIA+’. Então, as pessoas não nos dão o direito de errar. Para a sociedade, a gente ainda é abominável. Infelizmente, ainda nos enxergam como algo inimaginável”, disse Lucas.

Estudante de Design de Moda, Vitória Santos, 25 anos, é bissexual e reforça a importância da data para conscientizar as pessoas. "Acho que é um dia muito importante para ser celebrado o amor e o respeito. E também para reforçar que mesmo com as dificuldades que este grupo enfrenta perante a sociedade e ainda não tendo os mesmos direitos civis que as outras pessoas têm, é possível e necessário sim sentir orgulho de ser quem é. Para mim, é uma data que representa muita resistência”, afirmou a estudante.

Foto: Reprodução/Redes Sociais/Vitória Santos

Também bissexual, Thainá Donato, de 26 anos, recentemente assumiu um relacionamento com outra mulher. Para ela, a data é importante porque fomenta debates que merecem visibilidade de toda a população. “Considero muito importante toda a causa que envolve essa data, mesmo antes não entendendo que fazia parte desse grupo eu já considerava importante, hoje estou repensando muitas atitudes e falas, não só para trazer debates e temas mas para a visibilidade que a causa merece”, concluiu. 

Foto: Reprodução/Redes Sociais/Thainá Donato

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]

Faça seu comentário