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Saúde

Dia Mundial Sem Tabaco: cigarros eletrônicos causam mesmos danos que os convencionais

Só no Brasil, são cerca de 160 mil mortes anuais devido ao tabaco; especialista alerta para riscos do consumo

Por Ane Catarine Lima
Ás

Dia Mundial Sem Tabaco: cigarros eletrônicos causam mesmos danos que os convencionais

Foto: Reprodução/Pixabay

Conhecido pelos danos causados à saúde, o tabagismo e a exposição passiva ao cigarro são responsáveis pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano. Só no Brasil, são 161.853 mortes anuais atribuíveis ao uso de tabaco, o que representa 443 por dia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Dia Mundial Sem Tabaco, promovido nesta terça-feira (31), visa conscientizar sobre os riscos do fumo.

Atualmente, diferentes formas de cigarro estão disponíveis no mercado e são consumidas diariamente pela população. A venda de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), por exemplo, tem preocupado os especialistas. Isso porque mais de uma década após surgirem como uma alternativa ao cigarro tradicional, os dispositivos eletrônicos já demonstraram ser tão perigosos quanto.

Em entrevista ao Farol da Bahia, o pneumologista e coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Dr. Paulo Corrêa, afirmou que pessoas fumantes, independente do tipo do cigarro, apresentam risco de desenvolver diferentes tipos de doenças causadas pelo tabaco e nicotina. 

“O tabagismo é o consumo de qualquer produto de tabaco. Hoje em dia, como a indústria está diversificando o seu portfólio de produtos, a gente fala em uso de produtos de tabaco e nicotina. Existe, por exemplo, o cigarro eletrônico e o nargile. Apesar de antes serem fumados de forma tradicional, o cachimbo e o charuto hoje também tem dispositivos eletrônicos. Então, atualmente, a gente engloba o uso de produtos de tabaco e nicotina”, afirmou o especialista.  

“No século 20, foram atribuídos ao tabagismo um verdadeiro catálogo de doenças. Na realidade, o tabaco e a nicotina afetam todos os sistemas do organismo. Vamos falar de 50 doenças diferentes. Nós temos, por exemplo, doenças cardíacas, derrame, morte súbita, DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica], câncer de pulmão e bexiga, entre outros tipos. O uso de tabaco e nicotina é responsável por cerca de 30% dos cânceres do mundo. Então, o tabagismo realmente é uma dependência química e, portanto, não é seguro”, completou.

Dr. Paulo Corrêa alertou, ainda, que fumar é o principal fator de risco do câncer bucal. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, entre 2020 e 2022, serão 11.180 novos casos da doença nos indivíduos do sexo masculino e 4.010 no sexo feminino por ano. “Qualquer forma de produto de tabaco que é utilizado próximo aos lábios, como cachimbo e charuto, aumenta as chances de câncer de boca. Esses produtos não trazem apenas riscos de câncer de boca. Trazem também, por exemplo, risco aumentado de câncer de pulmão”, explicou o pneumologista.

“Toda vez que a absorção é feita pela mucosa oral tem mais risco de câncer de boca. Já no caso do câncer de trato digestivo superior, que é laringe e esôfago, existe também uma associação do uso com o álcool. Então, há risco desses cânceres associados a produtos de tabaco e nicotina”, reforçou.

Tabagismo passivo e perigos

Quando um cigarro é aceso, independente do tipo, somente uma parte da fumaça é inalada pelo fumante. O restante dela é lançada ao ambiente. Dessa forma, pessoas que estão por perto no momento em que a fumaça é expelida também são prejudicadas. 

“Atualmente, a grande preocupação que a gente tem é o cigarro eletrônico. Apesar de termos poucos estudos, a gente sabe que os níveis de nicotina são elevados. Sabemos também que, com o cigarro eletrônico, o fumante gera a fumaça através do propilenoglicol e da glicerina vegetal. Os estudos começaram a mostrar que existe um aumento dessas substâncias para os não fumantes, ou seja, as pessoas que estão no ambiente”, afirmou Dr. Paulo Corrêa.

“O propilenoglicol gera uma substância que se chama formaldeído, que causa câncer. Já existe, portanto, uma grande preocupação. Em várias partes do mundo, as políticas de fumo proíbem o uso em ambientes coletivos. O Brasil está bastante atrasado. Os cigarros eletrônicos têm os riscos próprios deles e, além disso, os mesmos riscos do cigarro tradicional. O cigarro eletrônico é um cigarro”, completou.

De acordo com o especialista, o fumante ativo, quando fuma o cigarro tradicional, está inalando uma parte da fumaça chamada de corrente primária. A fumaça oriunda da ponta acesa do cigarro, chamada corrente secundária, é expelida para o ambiente. “As concentrações das substâncias na corrente secundária são diferentes porque elas são formadas em temperaturas distintas. Cerca de 85% da fumaça que o fumante passivo está exposto é da ponta do cigarro aceso. Nessa fumaça, existem substâncias altamente cancerígenas”, disse. 

Conscientização sobre DEFs

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prorrogou, até 10 de junho, o prazo para a coleta de contribuições ao relatório parcial de Análise de Impacto Regulatório (AIR) referente à tomada pública de subsídios que trata do uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). O principal objetivo da entidade é receber evidências técnicas e científicas para a elaboração de relatório final sobre o tema.

De acordo com o Dr. Paulo Corrêa, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), ainda falta conscientização por parte da população sobre os males causados pelo consumo do tabaco e da nicotina. 

"Coordenei uma coalizão de associações médicas com o objetivo de educar a população sobre os riscos. O GGTAB [Gerência-Geral de Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos, derivados ou não do Tabaco], grupo que está fazendo uma avaliação técnica sobre esse processo de liberação ou não dos DEFs no Brasil, fez um relatório muito completo e chama atenção para falta de fiscalização, porque esses produtos são vendidos livremente, e alerta para a necessidade de promover campanhas educativas sobre o tema”, concluiu o especialista. 


 

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