Diretriz médica recomenda tomografia anual para rastreamento de câncer de pulmão em pessoas com risco
Foco da ação é auxiliar fumantes

Foto: Banco Mundial ONU
Três entidades médicas brasileiras - Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) - emitiram, pela primeira vez, uma diretriz que propõe exames periódicos para rastrear o câncer de pulmão em pessoas de alto risco, em linha com práticas já adotadas para outros tipos de câncer. O foco do rastreamento é em fumantes. A diretriz visa ao diagnóstico precoce, o que pode aumentar significativamente as chances de cura ou sobrevivência prolongada.
O 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão foi apresentado no Congresso da SBPT e preconiza a realização anual de tomografia do tórax com baixa radiação para pessoas que atendam a três critérios: ter entre 50 e 80 anos, ser fumante atual ou ter parado há menos de 15 anos e apresentar uma carga tabágica de 20 anos/maço. Esse índice é calculado dividindo o número médio de cigarros consumidos por dia por 20 e multiplicando esse valor pelo número de anos que a pessoa fumou.
O câncer de pulmão tem alta mortalidade no Brasil, principalmente devido ao diagnóstico em estágios avançados. A doença mata cerca de 28 mil brasileiros anualmente e corresponde ao tipo de câncer com o maior número de vítimas entre as neoplasias. Cerca de 80% dos casos estão relacionados ao tabagismo. A recomendação visa a identificar o câncer em estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores, ressalta Gustavo Faibischew Prado, coordenador da comissão de câncer da SBPT.
O Ministério da Saúde ainda não recomenda o exame de rastreamento devido a preocupações com resultados falsos positivos e possíveis complicações. O órgão está reavaliando a questão e discutindo a incorporação da tomografia de baixa radiação no rastreamento do câncer de pulmão pelo SUS. No entanto, médicos afirmam que a estratégia de rastreamento é eficaz para pacientes de alto risco, como fumantes, mas a conscientização e o acesso ao exame precisam ser ampliados.
Para aumentar o diagnóstico precoce, a Rede D’Or, que possui mais de 70 hospitais no Brasil, criou um programa de rastreamento para pacientes de alto risco. A rede treinou sua equipe médica para identificar pacientes elegíveis e está testando a inteligência artificial para auxiliar na identificação de nódulos suspeitos em tomografias de tórax. O objetivo é reduzir casos de diagnóstico tardio e aumentar as chances de tratamento eficaz.