Dirigente sindical critica assembleia do sindicato dos rodoviários e diz que ação é para beneficiar Bruno Reis
Márcio Coelho diz que prefeito participa de "organização criminosa"
Foto: Rildo Araújo / TV Bahia
O dirigente sindical dos Rodoviário de Salvador e diretor de base da categoria sub judice, Márcio Ferreira Coelho, criticou ato realizado nesta sexta-feira (26), na Estação Lapa, pelo Sindicato dos Rodoviários da capital baiana. Para o rodoviário, a ação tem interesse político e não contou com a participação dos trabalhadores lesados com a falta de pagamento após rescisão contratual entre a Prefeitura e a Concessionária Salvador Norte (CSN) em 2021.
“Para mim, [a assembleia foi] apenas um ótimo movimento político, porque depois de 3 anos com todos os descasos que acontecem sobre esta questão da CSN é inaceitável que no dia de hoje se realizem uma manifestação onde, pelas próprias imagens é visível, que não tem nem 5% dos trabalhadores impactados por esse protesto que deveriam ser impactados por esse processo”, disse.
De acordo com o dirigente, há um valor de mais de R$8 milhões em conta para o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários. Que há a perspectiva para a venda da garagem de Pirajá para a complementação do valor devido, porém aponta que não será o bastante.
“Se tratava de apenas uma questão burocrática do cartório de nominatas a respeito do terreno e já vai mais de dois meses que até hoje não conseguiu simplesmente substituir uma titularidade de imóvel, então a gente vê e sabe e entende que apenas um movimento político tanto que o próprio TRT divulgou a nota depois. Precisa-se de R$45 milhões para pagar todo mundo quando esse dinheiro do terreno de Pirajá sair somado aos R$8,7 milhões com os R$11 milhões, são R$19,7 milhões e precisa-se de mais de R$25 milhões. De onde vai ver esse dinheiro?”, questionou.
Apesar das críticas feitas também pelo presidente do Sindicato, Fábio Primo durante o ato ao prefeito Bruno Reis, Coelho afirma que a ação foi realizada para beneficiar o gestor municipal com o intuito que ele seja o “herói” da situação.
“É aquele dito popular de que para caçar ratos, o gato esconde as unhas porque é o seguinte: eu vou fomentar um atrito público popular atacando o prefeito. O prefeito vem como super-herói e resolve a situação. Ele sai com um herói. Eu tenho que me manter, é o jogo político podre que infelizmente só existe desde as entranhas da categoria rodoviária”.
Em relação às negociações com a Prefeitura de Salvador, Coelho faz uma acusação ao prefeito Bruno Reis de envolvimento em uma “organização criminosa”.
“A grande realidade é que a gente tem uma organização criminosa onde o próprio prefeito, e são palavras minhas, é o mandante disso tudo porque é inaceitável que a empresa devia R$ 517 milhões se 'sucessou' à prefeitura , livrando a Prefeitura da isenção, da obrigação dela que ela é obrigada a cumprir as questões trabalhistas porque ela é o contratante do serviço público e quando ela deixa de gerir esse serviço público, ela é responsável por ele, e aí depois citou a categoria não fazer nenhum tipo de manifestação em relação às duas empresas. É apenas um jogo político, um jogo de canalha”.
Justiça
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) emitiu nesta sexta-feira (26), uma nota afirmando que foi apresentado um Procedimento de Mediação Pré-Processual (PMPP), que visa arrecadar recursos para quitar as rescisões para os 4 mil trabalhadores.
“O acordo firmado no PMPP estabelece que, primeiro, seriam obtidos recursos para pagar as rescisões. Em seguida, cada trabalhador deveria assinar um acordo individual no sindicato, o que garantiria a quitação total do contrato de trabalho. Até agora, uma parte dos trabalhadores já recebeu seus valores rescisórios. Isso ocorreu após o PMPP receber recursos do município de Salvador e com a desapropriação de imóveis. No entanto, muitos trabalhadores ainda aguardam o pagamento, pois a expropriação de imóveis continua”, diz a nota.
De acordo com o TRT, o pagamento dos valores pendentes pode ocorrer no próximo mês. Ao Farol da Bahia, o Tribunal afirmou que o sindicato ainda não apresentou nos autos o número de pessoas pendentes de receber as rescisões e qual o valor total do pagamento.
“Os imóveis conhecidos como “Pirajá I” foram vendidos, mas a venda ainda não foi finalizada devido a pendências burocráticas. A expectativa para a conclusão dessa regularização é 1º de agosto de 2024, quando o Bradesco e a CSN devem informar sobre a conclusão da regularização fundiária do terreno no cartório de registro de imóveis. Após isso, o pagamento aos trabalhadores deverá ser realizado”.
Coelho também critica o PMPP e diz que o formato prejudica os trabalhadores. “A Justiça e o Ministério Público do Trabalho que fingem não ver nada e que ainda sustentam um acordo. Eu ouvi isso de um próprio desembargador que quem assinou esse acordo foi o Tribunal, infelizmente a gente não pode fazer nada e pessoas que não aderem PMPP não podem botar na justiça, porque simplesmente chega lá e o próprio Tribunal derruba e diz que dá indeferido, isso é inaceitável, os trabalhadores não estão recebendo nem os seus direitos trabalhistas na sua totalidade e ainda tem que abrir mão das horas extras do tempo de serviço dele”, afirmou.