Dívida bruta do Brasil volta a subir e atinge 76,2% do PIB em fevereiro, mostra BC
A dívida bruta, que totalizou R$ 9 trilhões em fevereiro, compreende números do governo federal, do INSS e de governos estaduais e municipais

Foto: José Cruz/Agência Brasil
A dívida bruta do Brasil voltou a subir em fevereiro e atingiu 76,2% do PIB (Produto Interno Bruto), aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (8).
A dívida bruta, que totalizou R$ 9 trilhões em fevereiro, compreende números do governo federal, do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e de governos estaduais e municipais. Esse é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas.
A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável. A trajetória da dívida bruta é hoje um dos focos de preocupação do mercado financeiro e da própria equipe econômica.
De acordo com o BC, essa alta deve-se, principalmente, pelo efeito dos juros nominais apropriados (aumento de 0,7 ponto percentual) e da emissão líquida de dívida (elevação de 0,1 ponto percentual). Por outro lado, houve variação negativa do PIB nominal (redução de 0,4 ponto percentual).
Cerca de 50% dos títulos emitidos pelo governo são remunerados pela taxa básica de juros, a Selic, que está em ciclo de alta e chegou a 14,24% ao ano na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Isso gera automaticamente uma pressão adicional sobre o endividamento da União.
Cada um ponto percentual de aumento da Selic eleva a dívida bruta em R$ 49,3 bilhões, segundo o BC.
A maior emissão líquida de dívida é também um demonstrativo de que o governo está captando recursos no mercado em volume maior do que o necessário para rolar sua dívida.
Pela metodologia do FMI (Fundo Monetário Internacional), que passou a ser incorporada pelo BC na divulgação de suas estatísticas, a dívida bruta do Brasil saltou de 87,1% a 88,7% do PIB de janeiro a fevereiro.
Neste conceito, toda a dívida mobiliária do Tesouro Nacional na carteira do Banco Central é considerada no cálculo. A autoridade monetária, por sua vez, desconsidera isso e inclui as operações compromissadas.
Já a dívida líquida, que desconta os ativos do governo, subiu 0,3 ponto percentual no mês e chegou a 61,4% do PIB em fevereiro saldo de R$ 7,3 trilhões.
Ainda segundo dados do BC, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de R$ 19 bilhões em fevereiro e a despesa com juros foi de R$ 78,3 bilhões. No mesmo mês do ano anterior, o resultado deficitário foi de R$ 48,7 bilhões.
Em 12 meses, o setor público consolidado acumula déficit de R$ 15,9 bilhões, equivalente a 0,13% do PIB.
O montante engloba os resultados de governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social), governos estaduais e municipais e de empresas estatais.
O saldo negativo das contas públicas em fevereiro foi puxado pelo déficit de R$ 28,5 bilhões do governo central. Os estados e municípios, por sua vez, tiveram um superávit de R$ 9,2 bilhões em fevereiro, enquanto as empresas estatais tiveram um resultado positivo de R$ 299 milhões.
No fim de março, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o retrato das contas no início de 2025 reflete a execução um pouco mais lenta das despesas, ao mesmo tempo em que a arrecadação continua crescendo.