Bahia

Do elitismo à democracia da pipoca: veja os avanços do Carnaval

A folia surgiu no século XVII com ricos e pobres, situação que permanece no século XIX com o Carnaval de salão

Por Da Redação
Ás

Do elitismo à democracia da pipoca: veja os avanços do Carnaval

Foto: Reprodução

Carnaval é marcado pela mistura de pessoas de diferentes classes, idades e crenças que se transforma no mesmo objetivo: a diversão. A folia surgiu no século XVII com ricos e pobres, situação que permaneceu no século XIX com o Carnaval de salão, realizado em locais restritos como o Teatro São João, na Praça Castro Alves, importando o modelo europeu.

Tudo muda com a ascensão dos desfiles nas ruas de cortejos, pessoas mascaradas, caretas e afoxés, por volta de 1946. E toda essa diversidade é consolidada com a criação do trio elétrico em 1950, artefato que arrasta uma multidão pelas ruas do Centro da cidade e que completa 70 anos nesta folia. 

Para Pedrinho da Rocha, criador do abadá, um dos momentos que mais marcaram a relação dele com a folia foi o da fantasia. Ele conta que ainda na infância, nas décadas de 1960 a 1970, era muito comum que as pessoas saíssem no Carnaval fantasiadas. “Eram várias fantasias. Algumas metiam medo na gente, como as de gorilas. As pessoas saíam e a gente não sabia quem era. Às vezes eram vizinhos e a gente desconhecia. Então esse lado lúdico no carnaval para mim é o que mais me marcou”, afirmou. 

Outra opinião é o designer, ilustrador e publicitário, que relata que a fantasia tem a sua importância. “De certa forma, eu acho que o Carnaval é fantasia em todos os sentidos. Quando você se fantasia fisicamente, você cria também uma fantasia do ponto de vista psicológico, que é libertadora. Esse é o grande lance da festa”, afirma.

Aos 65 anos, o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador do Carnaval, Paulo Miguez, destaca como um dos momentos mais marcantes a chegada da Caetanave à Praça Castro Alves, após ter subido a Ladeira da Montanha, em 1972. “Foi uma belíssima homenagem feita por Orlando Tapajós a Caetano Veloso, que estava retornando do exílio em Londres.

Houve um período em que os blocos se organizaram como empresa, começaram a vender abadás e se tornaram a grande atração da folia, tendo como principal ativo o artista, a partir de meados de 1980 até 2010. Atualmente, o que se vê é um movimento de retorno ao Carnaval sem cordas de trios independentes.

“Hoje, eu vejo que está acontecendo uma pressão da sociedade para ganhar espaço na avenida. As cordas dos blocos tomavam 80% do espaço da rua e deixavam o folião sem espaço para brincar. Até os próprios responsáveis pelos blocos foram se conscientizando. Foi crescendo o Carnaval pipoca”, disse Nelson Cadena, pesquisador sobre o carnaval e festas populares.

A intenção não é extinguir os blocos, mas fazer com que a festa conserve o caráter democrático que adquiriu ao longo dos tempos com espaço para todos, tanto para o folião de blocos e camarotes, como para o folião pipoca e para aqueles que preservam e exibem suas tradições na beleza dos blocos afros que desfilam pela cidade.


 

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