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Dólar e Bolsa caem com tensão comercial entre EUA e China e ata do Copom em foco

Segundo Trump, em postagem na rede social Truth Social, serão realizadas negociações com o país vizinho durante o período de suspensão das tarifas

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Dólar e Bolsa caem com tensão comercial entre EUA e China e ata do Copom em foco

Foto: Pexels | Pixabay

O dólar apresenta queda nesta terça-feira (4), com investidores atentos ao conflito comercial entre Estados Unidos e China e à divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Às 12h04, a moeda americana caía 0,73%, cotada a R$ 5,772. Já a Bolsa perdia 0,47%, aos 125.373 pontos.

A política tarifária do presidente Donald Trump foi oficializada no sábado (1º), quando ele assinou um decreto que aplicava taxas adicionais sobre todas as importações do Canadá, México e China. De lá para cá, porém, o republicano costurou acordos com as lideranças dos países vizinhos e deixou as medidas contra os chineses inalteradas.

Em conversas na segunda, Trump suspendeu a imposição de tarifas sobre o México e o Canadá por um mês depois de ambos os países reforçarem a segurança nas fronteiras com 10 mil agentes de cada lado.

Claudia Sheinbaum, presidente do México, anunciou o acordo pelo X (ex-Twitter). "Tivemos uma boa conversa com o presidente Trump, com muito respeito à nossa relação e soberania", escreveu ela.

O reforço nas fronteiras será "para evitar o tráfico de drogas para os Estados Unidos, em especial de opioides fentanil". Já os EUA se comprometeram em "trabalhar para evitar o tráfico de armas poderosas ao México".

Segundo Trump, em postagem na rede social Truth Social, serão realizadas negociações com o país vizinho durante o período de suspensão das tarifas, lideradas pelo secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.

"Estou ansioso para participar dessas negociações com a presidente Sheinbaum, enquanto tentamos alcançar um 'acordo' entre nossos dois países", publicou.
Já em relação ao Canadá, o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, concordou em enviar "10 mil funcionários da linha de frente" para a fronteira para "parar o fluxo de fentanil".

No X, disse que teve uma boa conversa com Trump e que o Canadá implementará um plano de US$ 1,3 bilhão para proteger as fronteiras.

"O Canadá vai assumir compromissos para nomear um Czar do Fentanil, listaremos cartéis como terroristas, garantiremos fiscalização 24 horas por dia, sete dias por semana na fronteira, lançaremos uma Força de Ataque Conjunta Canadá-EUA para combater o crime organizado, o fentanil e a lavagem de dinheiro", escreveu.

Trump confirmou no Truth Social que a suspensão será "para ver se um acordo econômico final com o Canadá pode ser estruturado ou não".

O republicano decretou, no sábado, a imposição de tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá. A única exceção seria sobre o fornecimento de petróleo e energia canadense, sobre o qual os EUA são mais dependentes e que teria uma taxa menor, de 10%.

O presidente dos EUA também impôs uma tarifa de 10% sobre a China, que entrou em vigor nesta terça.

A manobra demonstrou a disposição de Trump em usar tarifas como barganha ante parceiros comerciais importantes, apesar de potenciais efeitos negativos para a própria economia americana. As importações de México, Canadá e China representam mais de um terço dos produtos comprados pelos Estados Unidos (mais de US$ 1 trilhão em mercadorias por ano).

"A retórica super agressiva de Trump parece ser, de fato, o que todos suspeitavam desde o início: uma grande alavanca para negociar acordos comerciais e atender outros objetivos políticos", diz Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

"Isso significa que os ganhadores da guerra comercial o dólar e moedas porto-seguro podem enfrentar algumas correções."

A imposição de tarifas sobre a China, porém, resultou em represália. Os chineses retaliaram com taxas sobre as importações dos EUA, renovando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

O Ministério das Finanças da China anunciou que vai impor taxas de 15% para carvão e gás natural dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis, como caminhões elétricos da Tesla, de Elon Musk. Também terão início investigações antimonopólio sobre o Google, da Alphabet.

As novas tarifas da China sobre as exportações norte-americanas começarão em 10 de fevereiro, dando a Washington e Pequim tempo para tentar chegar a um acordo que as autoridades chinesas indicaram que esperam alcançar com Trump.

Para especialistas, as medidas de Trump podem colocar em curso uma "guerra comercial com esteroides".

"Essas tarifas anunciam uma nova era de protecionismo comercial dos EUA que afetará todos os parceiros comerciais americanos, sejam rivais ou aliados, e interromperá significativamente o comércio internacional", diz Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell.

A imposição de tributos mais altos pode afetar fluxos comerciais, aumentar custos e provocar retaliações. Na economia doméstica dos EUA, ainda há o risco de um repique inflacionário, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados —o que fortalece o dólar.

Já na ponta doméstica, analistas repercutem a ata da última reunião de política monetária do BC, na qual o Copom optou por um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, agora em 13,25% ao ano. Foi a segunda alta consecutiva dessa magnitude, e o colegiado já sinalizou que irá repetir a dose em março.

Na ata, o BC disse prever um novo estouro da meta de inflação em junho, conforme o sistema de alvo contínuo em vigor desde o início do ano.

Neste modelo, a autoridade monetária busca a meta sem se vincular ao chamado ano-calendário, ou seja, ao período de janeiro a dezembro. Atualmente, o BC toma suas decisões com o terceiro trimestre de 2026 na mira.

O alvo central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida quando oscila entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,5% para 5,2%. Para o terceiro trimestre de 2026, a estimativa é de 4%.

O comitê também ressaltou a questão fiscal e o câmbio como riscos para a convergência da inflação à meta.
 

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