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Dólar oscila e Bolsa despenca, com inflação dos EUA, Galípolo e Powell no radar

Às 12h30, a moeda subia 0,07%, a R$ 5,771

Por FolhaPress
Ás

Dólar oscila e Bolsa despenca, com inflação dos EUA, Galípolo e Powell no radar

Foto: Pexels | Pixabay

O dólar oscila entre os sinais nesta quarta-feira (12), com os investidores repercutindo dados de inflação dos Estados Unidos.

O mercado ainda segue atento a falas do presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, e do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell.

Às 12h30, a moeda subia 0,07%, a R$ 5,771. Já a Bolsa despencava 1,75%, aos 124.300 pontos, com o recuo do setor de serviços em dezembro pesando sobre os papéis.

Em dia de agenda cheia, o clima é de cautela entre os investidores.

Na ponta macroeconômica, o foco está voltado aos dados do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A inflação aumentou mais do que o esperado em janeiro, a 0,5% na base mensal e 3% na anual. A projeção de economistas consultados pela Reuters era de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

O dado reforça a mensagem do Fed de que não há pressa em retomar o ciclo de afrouxamento da taxa de juros —e reduz as expectativas sobre o número de cortes. Operadores já precificam a possibilidade de apenas uma redução neste ano, e não duas, como anteriormente previsto pelo banco central dos EUA.

A visão do Fed sobre a leitura de inflação pode já ser conhecida nesta quarta. Powell prestará depoimento ao Congresso dos EUA pelo segundo dia, desta vez na Câmara dos Deputados, a partir das 12h.

A expectativa de economistas consultados pela Reuters era de alta de 0,3% na base mensal e de 2,9% na anual.

Na véspera, o presidente do Fed reiterou que a economia dos EUA está forte e progredindo em direção às metas da autoridade monetária, com uma taxa de desemprego de 4% considerada próxima ao nível de pleno emprego e a inflação ainda mais de 0,5 ponto percentual acima da meta de 2% do Fed.

"Não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura de política monetária. Sabemos que reduzir a restrição da política monetária muito rápido ou de forma muito intensa pode prejudicar o progresso na inflação", disse Powell.

Ele também evitou comentar sobre a política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem inspirado cautela nos mercados globais.

Trump confirmou na segunda que irá impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio que chegam ao país. Ele também cancelou isenções e cotas para grandes fornecedores como Brasil, Canadá, México e outros países, em uma medida que pode aumentar o risco de uma guerra comercial em várias frentes.

Produtos semiacabados de aço estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA. São materiais intermediários da siderurgia, que precisam ser processados para se tornarem produtos finais. Eles são utilizados como matéria-prima para a fabricação de itens como chapas, perfis, tubos e outros produtos.

O Brasil é o segundo maior fornecedor dos Estados Unidos na categoria. Segundo dados do governo americano, o país só perde para o Canadá em volume.

Uma autoridade da Casa Branca confirmou que a política entrará em vigor em 4 de março. Trump também tem repetido que anunciará reciprocidade tarifária nesta semana. A medida —uma das promessas do republicano durante a campanha eleitoral— visa igualar as tarifas de importação dos Estados Unidos às cobradas pelos parceiros comerciais sobre produtos norte-americanos.

Trump não identificou quais países seriam afetados, mas sugeriu que seria um esforço amplo que também poderia ajudar a resolver os problemas orçamentários dos EUA.

O aumento substancial nas tarifas tem o potencial de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do Fed contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

"O saldo dessa medida deve ser uma pressão inflacionária no curto prazo nos Estados Unidos, visto que o aço e o alumínio são bastante utilizados em várias cadeias de produtos industriais, e de prejuízo na capacidade de crescimento econômico dos demais países exportadores", avalia Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Esse ambiente é de mais aversão ao risco, o que favorece o dólar, a moeda porto seguro em momentos de estresse, e deve levar o Fed a atuar de maneira um pouco mais firme na política monetária."

No Brasil, o destaque do dia fica para comentários de Gabriel Galípolo no Seminário sobre Política Monetária Brasileira, promovido pelo IEPE/CdG (Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças), no Rio de Janeiro.

Ele afirmou que cabe à autoridade monetária ter "parcimônia" na observação de dados econômicos para ter a certeza de que eles confirmam uma tendência, e não uma volatilidade.

"Reação preventiva precisa sempre existir, mas é esperado também que o BC tenha uma função de reação assimétrica para altas e para baixas (da Selic). Se o BC deve ser mais agressivo num momento de alta, ele deve ser mais parcimonioso e cauteloso no momento de fazer qualquer movimento para baixo", disse.

A autarquia decidiu em janeiro seguir o ritmo de aperto nos juros já previsto ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

Galípolo disse ser natural que os agentes de mercado observem dados de atividade para monitorar os efeitos da política monetária, mas sugeriu cautela nas avaliações.

"O Banco Central vai tomar o tempo necessário para ter a certeza de que os dados que estão chegando confirmam uma tendência, e não simplesmente volatilidade de dados de alta frequência", afirmou, enfatizando que o nível de juros caminha para patamar bastante elevado.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ainda divulgou que o volume de serviços recuou 0,5% em dezembro na comparação com novembro, mas avançou 2,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Com isso o setor fechou 2024 com ganhos acumulados de 3,1%, o quarto ano consecutivo de taxas anuais positivas, o que nunca havia ocorrido na série histórica iniciada em 2012. Segundo o IBGE, entre 2021 e 2024 o setor acumulou ganhos de 27,4%.

"Os dados de dezembro reforçam a tendência de desaceleração do setor e da atividade como um todo, observada nos últimos meses", pontua André Valério, economista sênior do Inter.

"Ainda assim, o PIB deve encerrar 2024 com crescimento robusto, mas a continuidade do aperto monetário deve intensificar a tendência de desaceleração ao longo do primeiro trimestre, o que pode levar ao Copom a encerrar o ciclo de alta antes do previsto."
 

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