Dólar sobe e Bolsa cai, com foco em inflação dos EUA e tarifas recíprocas de Trump
Às 12h07, a moeda subia 0,30%, a R$ 5,780. Já a Bolsa tinha queda de 0,27%, aos 124.039 pontos.
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Foto: Imagem ilustrativa/Pexels
O dólar apresenta alta nesta quinta-feira (13), com os investidores monitorando as novas ameaças tarifárias o presidente norte-americano, Donald Trump. Dados da inflação ao produtor dos Estados Unidos também são destaque da sessão.
Às 12h07, a moeda subia 0,30%, a R$ 5,780. Já a Bolsa tinha queda de 0,27%, aos 124.039 pontos.
Em postagem na Truth Social, o republicano comemorou as três semanas à frente da Presidência dos Estados Unidos e afirmou que esta quinta promete ser "um grande dia" em razão das tarifas recíprocas que pretende implementar.
"Três ótimas semanas, talvez as melhores até agora, mas hoje vai ser um grande dia: tarifas recíprocas!!! Vamos tornar a América grande de novo!!!", publicou Trump.
A medida uma das promessas da campanha eleitoral visa igualar as tarifas de importação dos Estados Unidos às cobradas pelos parceiros comerciais sobre produtos norte-americanos. Trump não identificou quais países seriam afetados, mas sugeriu que seria um esforço amplo que também poderia ajudar a resolver os problemas orçamentários dos EUA.
Especialistas em comércio e direito dizem que ele provavelmente vai resgatar <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/02/trump-pode-resgatar-lei-de-discriminacao-comercial-de-1930-para-aplicar-tarifas-reciprocas.shtml" rel="" target="">uma lei comercial de 1930, esquecida há décadas</a>, para <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/02/trump-deve-anunciar-tarifas-reciprocas-sobre-importacoes-dos-eua-nesta-sexta-feira-7-diz-agencia.shtml">respaldar as novas tarifas recíprocas</a>.
A lei usada como ameaça, mas nunca aplicada para impor tarifas aparece apenas esporadicamente em registros do governo. Ela permite que o presidente imponha taxas de até 50% contra importações de países que discriminam o comércio dos EUA.
"Acredito que é exatamente esse o caminho que eles vão seguir", disse Dan Cannistra, sócio do escritório de advocacia Crowell & Moring, sobre a Seção 338. "Eles vão dizer à União Europeia: 'Vocês estão dando 0% em carros para a Coreia, mas estão dando 10% para os EUA. Vocês estão nos discriminando'."
A reciprocidade tarifária segue a esteira de outras medidas já adotadas pelo republicano desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro.
Na segunda, ele confirmou que irá impor, a partir de 4 de março, tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio que chegam ao país. Ele também cancelou isenções e cotas para grandes fornecedores como Brasil, Canadá, México e outros países.
Na semana passada, aplicou tarifas de 10% a produtos da China e de 25% sobre México e Canadá esta última suspensa até o início do próximo mês, após acordo com os dois vizinhos.
O "tarifaço" preocupa os mercados globais. Além do risco de uma guerra comercial ampla, o aumento substancial nas tarifas tem o potencial de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.
Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.
"Há projeções de um impulso inflacionário no curto prazo por conta dessas tarifas, o que pode não só afetar a política monetária do Fed, mas também prejudicar o crescimento econômico dos parceiros comerciais americanos", diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
"Isso favoreceria ainda mais os investimentos nos Estados Unidos, que, além de tudo, são considerados um porto seguro em momentos de incerteza."
Na véspera, dados de inflação acima do esperado em janeiro inspiraram cautela entre os investidores. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) subiu 0,5% na base mensal e 3% na anual. A projeção de economistas consultados pela Reuters era de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
O dado reforça a mensagem do Fed de que não há pressa em retomar o ciclo de afrouxamento da taxa de juros e reduz as expectativas sobre o número de cortes. Operadores já precificam a possibilidade de apenas uma redução neste ano, e não duas, como anteriormente previsto pelo banco central dos EUA.
Em discurso na Câmara dos Deputados, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez um alerta sobre dar importância demais aos dados desta quarta. "A leitura do índice ficou acima de quase todas as previsões, mas eu gostaria de oferecer duas notas de cautela", disse.
"A primeira é que não nos empolgamos com uma ou duas leituras boas, e não nos estimulamos com uma ou duas leituras ruins. A segunda coisa é que temos como meta a inflação do índice PCE porque achamos que é simplesmente um indicador melhor da inflação. Portanto, é preciso saber a conversão do índice de preços ao consumidor para o índice PCE, e teremos mais dados sobre isso com o índice de preços ao produtor", argumentou.
A inflação ao produtor também veio acima das expectativas nesta quinta. O índice subiu 0,4% no mês passado e 3,5% nos 12 meses até janeiro, ante expectativa de 0,3% e 3,2%, respectivamente.
A leitura ofereceu mais evidências de que a inflação está voltando a acelerar e fortaleceu a visão sobre um ritmo mais lento de cortes pelo Fed.
Além disso, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, sugerindo que o mercado de trabalho permaneceu estável no início de fevereiro.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 7.000, para 213 mil com ajuste sazonal, na semana encerrada em 8 de fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam 215 mil pedidos para a última semana.