E-mails demonstram que LaMia tinha conhecimento das proibições no voo da Chape

Acidente que vitimou 71 pessoas na Colômbia segue trazendo novas informações

Por Da Redação
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E-mails demonstram que LaMia tinha conhecimento das proibições no voo da Chape

Foto: Matt Varley/Reuters

Diferentes e-mails trocados entre a proprietária da companhia aérea LaMia, a venezuela Loredana Albacete, e o corretor de seguros da AON, o britânico Simon Kaye, demonstram que ambos já tinham conhecimento das proibições para as operações da empresa boliviana, responsável pelo transporte do time da Chapecoense, no voo que caiu no morro Cerro Gordo, em Medellín, na Colômbia, que vitimou 71 pessoas, em novembro de 2016.

Um dos exemplos que são ignorados pelos dois é a proibição para que voos fretados sobrevoem o espaço aéreo colombiano. Além disso, as mensagens que foram trocadas apontam para favorecimentos políticos, desdém com a tripulação e um contato aproximado com "aquela que cuida dos clubes de futebol".

Os e-mails estão presentes em uma série de documentos disponibilizados ao Senado Federal que afirmam que a companhia aérea possuia seguro para a aeronave. Em um dos trechos, a negociação entre Loredana Albacete e Simon Kahe demonstra que a LaMia possuia diferentes voos futuros para convencer a AON a assegurar a nave. Mesmo sendo uma corretora, a Aon ficou responsável pela apólice do seguro a partir de fundos que chegaram de Londres. 

Créditos: Reprodução

"Odeio pressionar você com tempo quando eu tenho atrasado nas respostas, mas não tenho opções. Vamos ter de assinar o contrato na segunda para a viagem de 10 de abirl. (...) Espero que você entenda. É um cliente com alto potencial para nós. Eles lidam com todos os times de futebol e a temporada está começando", escreveu Loredana. A referência é a Off Side Logística, empresa, que está sediada no Rio de Janeiro e intermediou negociações com a Chapecoense, entre outros clubes. A viagem citada não aconteceu, era pra o time venezuelano The Strongest ir para a Venezuela, mas o seguro não foi liberado a tempo.

Ainda em abril do mesmo ano, a AON, através de Kayke, concedia sinal verde para cobertura da nave:

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"Querida Loredana, obrigado pelo seu email. Vamos proceder para formalizar a indicação, obtivemos suporte da cobertura aérea", afirma a resposta, discutindo ainda uma redução no valor da cobertura, para que acontecesse uma redução no custo da apólice. "Vamos investigar se tem alguma redução significante na cobertura entre US$ 25 milhões e R$ 50 milhões, então você pode decidir qual o valor a comprar". O texto de Kayke ainda integra alertas sobre voos para os EUA, mas não cita o espaço aéreo colombiano. No mesmo texto descrito, o agente da corretora AON sugere a retirada da cobertura de seguro da tripulação, o que não foi aceito por Loredana.

Um tempo depois, a proprietária da LaMia respondeu da seguinte forma:

"Queridos. Obrigado pelos esforços gentis para uma solução viável em pouco tempo. Afortunadamente, estamos aptos a obter as permissões para voarmos Venezuela e Bolívia sem os certificados", disse. Ela também contestou o valor da cobertura, tentando abaixar os valores da apólice. "Eu acho US$ 50 milhões muito. Amigos da aviação que fazem América do Sul trabalham bem com US$ 25 milhões de limite".

As trocas de mensagens exemplificam que houve uma influência política com intenção de convencer os clubes a voarem com a aeronave. Mesmo com diálogos demonstrando que a AON sabia que a LaMia transitava em espaço aéreo colombiano, a empresa britânica atualmente utiliza a proibição de voos fretados para aquele país como um dos argumentos para negar diálogo com as famílias das vítimas.

Governos da Colômbia e da Bolívia se abstêm da culpa

Baseado nas mensagens fornecidas pela própria família Albacete, proprietária da LaMia, as famílias que pederam entes queridos na tragédia da Chapecoense, agora cobram responsabilização dos governos colombiano, boliviano e da AON, Bia e Tokio Marine Kiln, esta última sediada na Inglaterra e destacada como responsável pelo pagamento do fundo humanitário, ofertado para as famílias na quantia de US$ 300 milhões que as famílias desejam mediante o valor padrão de uma apólice aérea.

As famílias das vítimas já convidaram as partes para audiências públicas no Senado e na Câmara, Bolívia, Colômbia e AON não compareceram. A cobrança relacionada aos governos sozinhos é concedida pela aprovação do plano de voo, conhecedores de que não existe seguro para voo fretado rumo à Colômbia, além da própria irregularidade do planejamento de combustível.

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