É na reta final, colegas, que se decide um voto
Confira o artigo do advogado Henrique Quintanilha sobre as eleições da OAB na Bahia
Foto: Divulgação
Você, advogado da Bahia, já se questionou, certamente, inúmeras vezes, por que se sente invisibilizado por três anos e só às vésperas das eleições para OAB é lembrado pelos candidatos e seus cabos eleitorais que lhe procuram incessantemente para pedir o seu voto.
Isso é, deveras, desanimador, confessemos!
Nada diferente do que já vemos de dois em dois anos nas campanhas eleitorais gerais e municipais.
Dinheiros que não sabemos de onde vêm e com que interesse estão investindo tanto, sobremodo quando a justificativa para acessar o cargo é defender a advocacia e suas prerrogativas, que dizem - obra pura de marketing - serem “inegociáveis”, mas que são violadas todos os dias.
Mas a Ordem é mais que um conselho de classe ou profissional. A Ordem sempre ocupou um papel de destaque e credibilidade no jogo de poder da República e, assim, fundamental em defesa das grandes pautas da sociedade e também a responsável por manter a advocacia uma profissão de alto nível, de brio e de respeito, como merece.
Infelizmente, nas últimas duas décadas assistimos a uma deterioração da OAB, com uma deturpação abjeta de suas finalidades. Uma OAB tornada literalmente um partido político - na pior acepção possível, em quase todos os estados. Um verdadeiro “clube de amigos” que detêm o poder e explora, com retórica fácil, os miríades de advogados que foram se formando e sendo convencidos com esse discurso repetido. No fundo a lógica é a da perpetuação no poder.
Pergunta-se: se não há salário que interesse é esse de dedicar tamanho tempo a serviço do coletivo?
Nesse momento lembramos que a OAB é o único sistema de representação e controle profissional que não está interligado ao Portal da Transparência e que sequer presta contas aos seus filiados. A inscrição é obrigatória, o pagamento da anuidade (que é a mais cara dentre todas as profissões) idem e só vota quem paga. Essa é a hora de colocar seu candidato contra a parede e questioná-lo: passarei a ter acesso às contas da OAB/BA, do que vocês fazem com meu dinheiro?
Uma sede decente com estacionamento digno será construída?
Continuaremos sem plano de saúde próprio de autogestão, de alto nível, e mais barato, para mim e para minha família, como houve no passado? Voltarei a ser tratado com o respeito, prioridade e a dignidade dos anos 1990, com acesso pleno às repartições, aos juízes e nos tribunais?
Ao invés de oferecer “cestas básicas” serei tratado como igual após depositar meu voto em você amanhã na urna?
Amanhã é dia de você, colega advogado, votar. Exercer o seu poder mais básico de definir os rumos de uma instituição que não é só nossa, mas da qual a sociedade baiana espera respostas que não têm sido dadas. A OAB é do povo brasileiro.
Não deixe que os outros definam quem irá lhe representar. Assuma seu dever de afastar do poder os maus; aqueles que querem criar raízes e nunca mais soltar, pois, como disse Martin Luther King, “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Henrique Quintanilha é advogado, ex-professor substituto da Universidade Federal da Bahia (UFBA)