'É uma vergonha o Brasil estar importando trilhos que ele poderia produzir', diz Lula

Durante o lançamento do início da primeira etapa das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), trecho que ligará a cidade de Caetité, no sudoeste da Bahia, a Ilhéus, no sul do mesmo estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou, em tom de crítica, que o Brasil não tem mais engenheiro ferroviário e não produz mais trilhos, e definiu a situação como vergonhosa. 

"Quando nós começamos a fazer o primeiro trecho da ferrovia, esse país não tinha mais engenheiro ferroviário. Esse país não produz mais trilho, o que é uma vergonha. Um país que tem a quantidade de siderúrgica e a qualidade do minério que se tem, é verdade que a Austrália está vendendo mais do que nós, mas o nosso minério e de muito mais qualidade", disse o presidente no evento.

O petista lembrou ainda que o Brasil também deixou de produzir dormentes. "Eu lembro que nós criamos a maior fábrica de dormentes do mundo, quando a gente começou a fazer a transnordestina e ela hoje parou. A CSN há 40 anos produzia trilhos, hoje não produzi mais. Isso é uma vergonha. No Brasil, quem quer ter uma malha ferroviária para facilitar o transporte da riqueza desse país tem que importar trilho", acrescentou.

Na sequência, Lula disse que ele não estava chamando a atenção de mais ninguém, além dele mesmo, que é o presidente da República. "Eu estou chamando a atenção do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente desse país. É uma vergonha o Brasil estar importando trilhos que ele poderia produzir aqui no país, para gerar mais emprego, para gerar mais oportunidade de crescimento da cidadania do nosso povo. O Brasil precisa cumprir com os seguintes compromissos: estabilidade, credibilidade e previsibilidade", argumentou. 

Sobre a FIOL

Este trecho da FIOL terá 537 quilômetros de extensão e passará por 19 municípios. O governo federal prevê que a conclusão desta etapa seja em 2027, quando a operação na ferrovia será iniciada. Mil e duzentos empregos deverão ser gerados.

"Eu queria aproveitar e dizer aos empresários: parem. Parem de dizer que vão entregar a obra em 2027. Vocês têm que entregar ela antes do dia 31 de dezembro de 2026. Façam um pouco de hora extra, trabalhem no fim de semana, se for necessário, para que a gente possa inaugurar juntos. Senão corre o risco de alguma outra coisa ruim voltar nesse país e ela ficar parada de vez. Então vamos tratar de adiantar logo essa obra", disse o petista. 

O governador da Bahia e os ministros da Casa Civil, Rui Costa; do Integração e Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes; dos Transportes, Renan Filho; dos Portos e Aeroportos, Márcio França; Minas e Energia, Alexandre Silveira; da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; e o Chefe da Secretaria-Geral, Marcio Macedo, também participaram da cerimônia.