Elmar Nascimento afirma ter ressentimentos por permitir que seu nome fosse cotado como ministro do governo Lula
Em entrevista, o parlamentar fez críticas à articulação política do Planalto
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
O deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, afirmou ter ressentimentos por "ter permitido" que seu nome circulasse entre os cotados como ministro na composição da nova gestão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista publicada nesta quinta-feira (11) pelo jornal O Globo, o parlamentar faz críticas à articulação política do Planalto e explica que uma base sólida só será construída no modelo do extinto orçamento secreto.
Questionado se o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem falhado na articulação política, Elmar chegou a defender o petista. “Pode ser que o ministro Padilha esteja sobrecarregado. Não sei se ele está sendo consultado quando um decreto como esse é elaborado. Vem de onde? É chancelado pelo ministro da Casa Civil (Rui Costa)? Para outros assuntos, parece que ministros das áreas afins sequer são consultados. A exigência de visto dos americanos, japoneses e australianos, por exemplo: a ministra do Turismo (Daniela do Waguinho) e o presidente da Embratur (Marcelo Freixo) são contra. O Padilha tem o pior cargo do mundo e vive pressionado até mesmo pelo PT. Mesmo hegemônicos, os petistas querem brigar com outros partidos por cargos nos estados. Queríamos indicar, por exemplo, dois cargos na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) do Rio Grande do Norte, mas a governadora (Fátima Bezerra) não aprova. O presidente não está olhando para trás e, por isto, chama os partidos de centro para o governo. Se não for assim, não terá base, mas o pessoal não assimila isto”, disse.
Segundo Nascimento, são diversos erros governo federal na condução política. “São muitos erros na condução política. O primeiro ocorreu quando o Supremo Tribunal Federal interveio e cancelou a RP9 (o orçamento secreto). O governo não trabalhou para tentar manter a existência da RP9. Ficou um vácuo em que você tinha que definir para onde iriam aqueles recursos do orçamento. Metade foi transformada em emendas impositivas e metade em RP2 (a cargo dos ministérios). O plenário não tem relação com ministérios. Com as emendas, sim. E há gente do governo contra um acordo que foi feito na época da PEC da Transição para a manutenção do controle dos deputados sobre todo o orçamento originário da RP9”, disse.
Elmar disse ainda que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem sido contra o orçamento secreto. “O ministro Fernando Haddad (Fazenda) liberou, o ministro Alexandre Padilha solicitou os pagamentos, e a Casa Civil represou 70%. Liberou só 30%. Não tem nenhum sentido represar pagamentos com recursos disponíveis. Traz dificuldades no relacionamento”, afirmou.