Em 10 anos, Exército registra quase 90 ocorrências de desvio de armas

Um levantamento do Jornal da Globo, com base em dados do Exército obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, revela que, nos últimos dez anos, foram registradas quase 90 ocorrências de desvio de armas. De 2013 até agora, entre furtos, roubos e desaparecimentos, foram contabilizados 144 armamentos, sendo os fuzis o principal alvo dos criminosos. 

No mesmo período, também houve o desvio de 27 mil munições em 224 ocorrências. Os dados mostram ainda que 2023 é o ano com mais armamento desviado nesta década: até o fim de outubro, foram 29. Nesta conta, estão as 21 metralhadoras furtadas do arsenal do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, em outubro.

Para pesquisadores, a chegada dessas armas ao crime organizado amplia o poder dos criminosos ligados ao tráfico de drogas, a roubos de cargas e a assaltos a bancos.

“A gente está falando de armas de calibre restrito, de armas de maior poder de fogo. Isso é uma grave distorção, porque são produtos, são ferramentas compradas com dinheiro público para ajudar a defesa nacional, que por um problema de negligência na guarda, vira uma arma mais para desestabilizar o país, especialmente na segurança pública", destacou Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz, em entrevista ao jornal.