Em entrevista, Lira diz que Congresso tentará assumir controle da discussão sobre Orçamento
Presidente da Câmara também fez comentários sobre a atuação de Pazuello na pasta da Saúde
Foto: Reprodução/Poder 360
Em entrevista ao jornal O Globo na manhã deste sábado (20), o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), defendeu que haja um programa de auxílio permanente que não tenha as limitações do Bolsa Família e diz que há um contexto favorável para aprovar o mais rápido possível as reformas econômicas.
Lira diz ainda que o problema da gestão do ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello, é apenas de comunicação. E que o caso envolvendo a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), ainda está longe de acabar, entretanto, ele afirma que a Casa possuí outras prioridades no momento.
Como o senhor vê o empenho do governo em relação à aprovação de pautas econômicas?
O presidente da Câmara não tem a Câmara a seu dispor e nem é arauto da verbalização. Quem ouve e discute, entrega. Quem verbaliza, não entrega. Mas tem duas mensagens muito fortes: vamos buscar o comando do Orçamento. O Congresso hoje é um carimbador do Orçamento. O Orçamento vem pronto, todo pré-fixado, com 96% de despesas carimbadas. Defendo a desvinculação total do Orçamento. Eu defendo. Se o Congresso vai votar, se não vai votar... Aí a gente tem que ter o respeito de ouvir todos. A população tem de escolher o deputado: “Ah, eu quero que tenha no Orçamento 40% para educação”. Então a população vai votar em deputados que defendam a Educação.
O que é “buscar o comando do Orçamento"? Por que o Executivo é quem tem de tocar o Orçamento...
Aí é o erro do Brasil. Onde as maiores democracias são fortes? Onde o Orçamento é do Legislativo. Quem vai executar é o Executivo. Mas quem diz onde vai executar, quanto vai executar e em que área é o Legislativo.
O senhor defende criação de um auxílio permanente para a população sem renda?
Isso. Que é um irmão gêmeo do Bolsa Família, só que mais aprimorado. Porque o Bolsa Família só faz transferência de renda, não é inclusivo. O cara que está no Bolsa Família recebe R$ 190 e vive na clandestinidade. Ele nunca vai ter um emprego formal, porque se ele tiver, ele sai do programa. Esse novo programa que discutimos lá atrás é um pouco mais bem remunerado, com a quantidade de pessoas possível, em um determinado parâmetro, que será inclusivo.
O ministro Pazuello não demorou a impulsionar a compra de vacinas?
O ministro Pazuello se comunica muito mal. Eu costumo dizer que, se a gente tivesse o Mandetta comunicando e o Pazuello trabalhando, a gente tinha a dupla ideal. Quando você conversa com prefeitos e governadores, prefeitos de capitais, ninguém se queixa do Ministério da Saúde. Agora, se comunica muito mal. Para essa questão da vacina e do vírus, nós não temos uma receita de bolo. Você não pode ser condenado porque foi de um jeito ou de outro. Precisa trabalhar todo mundo junto.
Por isso o senhor diz que não é hora de abrir uma CPI para apurar a condução da pandemia pelo governo?
Eu tenho certeza de que não é. Por todas as informações que nós temos, se ela for focada no Amazonas, não vai pegar o ministério. Vai pegar o governador, o prefeito, o gestor que fez besteira, o outro que furou a fila, que desviou dinheiro. A gente vai parar o Congresso para falar de uma CPI para analisar quem está errando e para tudo. É sem cabimento, na minha visão.