Em Honduras, Lula defende candidatura latina para ONU e critica tarifas arbitrárias
Durante discurso durante evento, presidente brasileiro pregou unidade regional

Foto: Ricardo Stuckert
O presidente Lula (PT) defendeu que países da América Latina e do Caribe apoiem uma candidatura única de uma mulher da região ao cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A fala ocorreu nesta quarta-feira (9), durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Tegucigalpa, capital de Honduras.
Em seu discurso, Lula reforçou a importância da representatividade feminina e regional em espaços de liderança global.
"A Celac pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU, elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização", afirmou Lula. O Brasil sugeriu uma declaração especial sobre o tema para ser apreciada durante o encontro.
O evento da Celac ocorre no contexto de forte tensão na região em meio ao endurecimento das políticas contra imigração do governo dos Estados Unidos (EUA), liderado pelo presidente Donald Trump, além da guerra de tarifas iniciada pela Casa Branca.
"A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Imigrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços", destacou Lula.
"Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias, mais protegidos estaremos contra ações unilaterais", prosseguiu o presidente.
O discurso do presidente brasileiro foi acompanhado por diferentes chefes de governo, incluindo a presidente de Honduras e anfitriã do encontro, Xiomara Castro, além da presidente do México, Claudia Sheibaum; do presidente da Colômbia, Gustavo Petro; do presidente do Uruguai, Yamandu Orsi; do presidente da Bolívia, Luís Arce, entre outros. Ao todo, a Celac reúne 33 países latino-americanos e caribenhos.
"Considero que hoje, mais do que nunca, é um bom momento para reconhecer que América Latina e Caribe requerem solidariedade e unidade de seus governos e de seus povos, a fim de fortalecer uma maior integração regional, sempre no marco do respeito mútuo e observância e soberania e independência de nossos países e acordos comerciais que cada um pode ter", disse a presidente do México, Claudia Sheinbaum.
"Existe uma agenda proposta para a solidão e uma agenda proposta para a ajuda comum. E depende do que escolhemos como prioridade. A agenda da solidão só tem dois nomes: imigrações e bloqueio. A agenda da ajuda comum é mais complexa, mais difícil, mas muitíssimo mais interessante para todos e todas aqui presentes", reforçou o líder colombiano Gustavo Petro.
Após a cúpula, Lula retorna ao Brasil, onde deve desembarcar na madrugada desta quinta-feira (10), em Brasília.