Em meio à pandemia, brasileiros rejeitam ideias golpistas, mostra pesquisa
Imagens das Forças Armadas e igrejas também estão em queda
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Foto: Reprodução
Entre o período inicial de pandemia e crise econômica até o momento, os brasileiros começaram a rejeitar à ideia de um golpe militar. Com a tendência da queda também estão as imagens das Forças Armadas e as igrejas.
As informações coletadas são da terceira rodada anual de uma pesquisa realizada entre 30 de maio e 5 de junho, pelo Instituto da Democracia, um grupo que reúne pesquisadores de onze instituições no Brasil e no exterior.
O maior indicador é o que associa a defesa de um golpe em relação à criminalidade, um dos temas centrais das eleições de 2018. No mesmo ano, 55,3% dos pesquisados entendiam que um golpe militar “seria justificável” numa situação de muito crime. Um ano depois, o indicador já havia recuado para 40,3%. Agora, baixou para 25,3%, menos da metade da taxa de 2018. De cada dez brasileiros, sete dizem “não” a essa hipótese
Ainda no mesmo ano, pouco menos da metade da população pesquisada (47,8%) concordava que um golpe “seria justificável” em situação de muita corrupção. No entanto, atualmente esse entendimento é compartilhado por 29,2%. Para um grupo duas vezes maior, 65,2%, corrupção não é justificativa para golpe militar.
O levantamento também identificou que o sentimento de confiança aos militares caiu sete pontos desde 2018, de 33,9% para 27%. Os que dizem confiar “mais ou menos” na instituição são a nova maioria, 33,8%. As igrejas também começaram a apresentar desgaste pelos entrevistados. A confiança incondicional recuou de 35,2% para 29,7% desde 2018.
Para o cientista político Leonardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos coordenadores do estudo, acredita que parte dessa rejeição pode ser atribuído à Covid-19. “As pessoas enxergam na epidemia mais necessidade de apoio às instituições”, explica e continua “Se a gestão ou a economia vai mal, a satisfação com a democracia cai. É uma ideia pouco sofisticada do conceito. Não pensam democracia como um valor”.