Salvador

Em Salvador, 81% do ano letivo é impactado por tiroteios no entorno das escolas

Instituto Fogo Cruzado registrou cerca de 728 tiroteios próximos a unidades escolares

Por Da Redação
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Em Salvador, 81% do ano letivo é impactado por tiroteios no entorno das escolas

Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo

Dados do Instituto Fogo Cruzado mostram que o cotidiano escolar em Salvador é frequentemente interrompido por tiroteios e disparos de armas de fogo. Dos 200 dias previstos no calendário letivo, em média, 161 registraram ao menos um tiroteio no entorno de uma unidade escolar. Isso significa que, em 81% do ano letivo, crianças e adolescentes matriculados em escolas estaduais e municipais da cidade convivem com a violência armada.

O levantamento inédito, realizado em parceria com a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, analisou dados de 4 de julho de 2022 a 30 de agosto de 2024. Durante esse período, foram registrados 2.793 tiroteios, sendo que 26% deles ocorreram nas imediações de escolas. 

Isso representa um total de 728 tiroteios próximos a unidades escolares, ou seja, em média, 30 tiroteios são registrados por mês a até 300 metros dos colégios da cidade. 

Entre as escolas municipais e estaduais analisadas, o levantamento considerou 593 unidades de ensino. Foram registrados tiroteios no entorno de 75% das escolas (443), algumas delas chegaram a registrar 10 ou mais tiroteios no seu entorno no período analisado de 26 meses. 

Violência policial

O Instituto Fogo Cruzado aponta a polícia como um dos principais motores da violência armada que afetam a educação em Salvador. Do total de tiroteios registrados no entorno de escolas, 43% ocorreram durante ações ou operações policiais (315). 

Ao analisar separadamente os tiroteios com e sem envolvimento policial, observa-se que a probabilidade de um tiroteio envolvendo forças de segurança ocorrer no entorno escolar em dia letivo (29%) é maior do que a de tiroteios sem a participação de policiais (24% ).

“A diferença é significativa. Esperávamos que, ao contrário das ações de criminosos, as forças policiais contribuíssem para a nossa segurança e não colocassem a comunidade escolar mais em risco”, afirmou Maria Isabel Couto, diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado, responsável técnica pelo levantamento. 

“A pergunta que fica é qual o ganho desta política? Quantos grupos armados foram desarticulados depois de tantos tiros? Qual o indicador que mostra o sucesso dessa estratégia? Nenhum. O que temos são milhares de crianças com sucessivos dias de aulas interrompidas ou de aulas em meio ao fogo cruzado”, concluiu. 

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