Empresa alemã vende pacotes de 'turismo de sobrevivência' para rota mortal de imigração

O Estreito de Darién, linha separatória entre a Colômbia e o Panamá, é o epicentro de uma crise humanitária história. Isso porque milhares de migrantes tentam todos os dias cruzar a densa floresta, arriscando a própria vida para deixar o território panamenho. 

Os números mais recentes publicados pela Migración de Panamá, 166.649 migrantes vindos da América Latina e até de outros continentes cruzaram o trecho.

Enquanto uns arriscam a vida no trajeto para fugir da miséria, uma empresa alemã vislumbrou o percurso como uma espécie de turismo de sobrevivência e começou a vender pacotes para o local.

Um documentário da jornalista Katja Döhne, que participou da experiência, aponta que a empresa Wandermut, sediada na cidade de Colônia, a oferece como uma viagem de aventuras.

"Só aqueles que estão suficientemente em forma e dispostos a correr riscos podem participar, uma vez que a viagem põe em perigo de vida, inclusive os próprios organizadores o dizem. Eles se apresentam como 'uma startup de aventuras'", disse ela.

Enquanto essa é a realidade brutal de milhares de pessoas, europeus pagam £ 3.500 (cerca de R$ 13.400), além dos voos de ida e volta até o Panamá, para fazer o turismo de sobrevivência.

Muitos panamenhos, inclusive, morrem ao longo do caminho, especialmente por falta de um suporte para resgate. De acordo com o Projeto Migrantes, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), na rota de Darién, entre janeiro de 2018 e 2 de junho de 2023, morreram ou desapareceram ao menos 258 pessoas, das quais 41 menores de idadeJá o pacote turístico inclui um seguro para que os clientes sejam resgatados por helicóptero em caso de acidentes.