Enem registra menor número de inscritos pretos, pardos e indígenas desde 2007

Um levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), divulgado nesta sexta-feira (27), aponta que, devido a pandemia, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou neste ano o menor número de inscritos desde 2007. Além da queda no total absoluto de candidatos, houve também uma redução mais acentuada na participação de pretos, pardos e indígenas, em comparação com a última edição da prova.

A pesquisa, feita com base nos microdados de inscritos no Enem 2021, mostra ainda que no exame do ano passado eram aproximadamente 2,7 milhões de estudantes pardos. Atualmente, esse número é de 1,3 milhão, o que significa uma redução de 51,7%. 

A queda também ficou acima de 50% entre pretos (53,1%) e indígenas (54,8%). Por outro lado, considerando os candidatos brancos, a diminuição foi mais sutil: de 35,8%. Já em relação a porcentagem de candidatos inscritos a cada ano, por raça, a pesquisa aponta que, em 2020, cerca de 63,2% dos estudantes eram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Neste ano, eles representam uma fatia menor do total: 56,4%. Os brancos, por outro lado, passaram a ter maior representatividade: saltaram de 34,7% em 2020 para 41,5% em 2021.

De acordo com o Semesp, a queda representa um retrocesso em relação à inclusão e à diversidade de alunos na educação superior, já que o Enem é a maior porta de entrada para a universidade pública no país.

Já o diretor executivo do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, disse ao G1 que a proporção de queda de inscritos pardos, pretos, indígenas e amarelos no Enem 2021 é mais um exemplo da desigualdade no país. "Não há outro caminho: cabe à educação o papel de igualar as chances de todos neste acesso às melhores oportunidades. O investimento público deve se concentrar em quem mais precisa", afirma.