Entre o silêncio e o desejo: autora reflete sobre os limites da moralidade nos relacionamentos!

Foto: Jéssica Messias
Os bastidores do cotidiano são o ponto de partida para a escritora Rosângela Silva Schiabel em Verdades Proibidas. O romance acompanha Raquel, uma mulher casada e religiosa que se vê diante de uma conexão inesperada e arrebatadora. Entre silêncios conjugais e dilemas espirituais, a autora dá forma à jornada emocional da protagonista, revelando as tensões entre moral, desejo e identidade.
Na entrevista a seguir, a escritora fala sobre o processo de criação da obra, os dilemas que enfrentou ao construir uma personagem tão dividida e as “verdades proibidas” que ainda persistem nas relações afetivas. Com formação em pedagogia e psicologia da educação, ela também comenta como essas áreas contribuíram para aprofundar os conflitos internos de seus personagens.
1. “Verdades proibidas” expõe as fragilidades dos vínculos afetivos. O que a motivou a escrever uma história que aborda temas tão delicados como a infidelidade, a fé e os silêncios conjugais?
Rosângela Silva Schiabel: Escrever sobre infidelidade foi, para mim, bastante difícil. Me reportei para a condição cultural da personagem. Foi um desafio encontrar equilíbrio em reconhecer as emoções que ela estava sentindo, expressá-las de modo consciente e não ferir sua cultura de fidelidade e controle de desejos. O livro aborda de forma muito sensível estes temas: solidão, desejo e conflitos de fé dentro de um casamento.
2. A protagonista Raquel enfrenta um dilema entre a moral religiosa e o desejo pessoal. Como foi o processo de construção dessa personagem?
R.S.: Foi bastante conflitante o processo de construção dessa personagem, por todo esse dilema que ela enfrenta. Moral, religiosidade e desejos. Ao mesmo tempo em que eu a mergulhava no prazer, a fazia sentir-se culpada pelo que estava fazendo. Procurei dar voz aos que muitos vivem, mas poucos têm coragem de dizer ou se calam, porque revelar não vai resolver nada.
3. O romance culmina em uma reviravolta com consequências graves, incluindo um crime. Como foi equilibrar a carga emocional da trama com o suspense?
R.S.: Simplesmente transformei dor e silêncio em atos, palavras e desejos.
4. Quais ‘verdades proibidas’ acredita que mais precisam ser trazidas à tona na sociedade?
R.S.: Muitas verdades estão escondidas. Abusos, repressão, exclusão, abandono, desprezo, ignorância. Casamentos que sobrevivem mais por conveniência do que por amor. Espiritualidade, porque às vezes as pessoas questionam suas crenças e se sentem culpados por duvidar. Normas sociais contraditórias, ao punirem mais uns que os outros.
5. Como sua formação em pedagogia e psicologia da educação influenciou na escrita e na abordagem dos conflitos internos dos personagens?
R.S.: Minha formação em Pedagogia e Psicologia da Educação me proporcionam a capacidade de ver o ser humano em muitas facetas. Me ajudam a minimizar conflitos e obter resultados por meio de diálogo e criticidades, sempre me colocando no lugar do outro.
Sobre a autora: Rosangela Silva Schiabel é pedagoga e psicóloga da educação, com formação pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio e especialização em Metodologia e Didática. Com ampla experiência como professora, sua trajetória na educação permeia toda sua obra literária. Rosângela escreveu seu primeiro livro, Mulher Madalena Mariazinha, em 2011.
Redes sociais da autora:
Instagram: @rosangela.schiabel.