Especialista alerta para a importância da saúde mental na terceira idade!
Com o aumento da população idosa no país, promover um envelhecimento saudável, ativo e emocionalmente equilibrado tem se tornado essencial

Foto: Divulgação
A população brasileira está envelhecendo e isso tem chamado a atenção para a importância de se falar sobre a saúde mental na terceira idade. De acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já possui mais de 30 milhões de idosos, mas muitos ainda enfrentam o estigma de enxergarem a terceira idade como um fim de vida, além dos desafios da perda da mobilidade física e do isolamento.
Psicóloga e professora do curso de Psicologia do Centro Universitário UniFG, Valquíria Nascimento reforça a importância de investir na saúde mental da pessoa idosa. “Precisamos combater essa ideia de que a terceira idade representa um caminho para a morte. Isso é um erro. Temos visto a população envelhecer cada vez mais e tem sido importante discutir sobre a necessidade de um envelhecimento saudável, funcional e que pense na integralidade da pessoa, no seu bem-estar biológico, social e espiritual”, afirma.
A especialista defende ainda que os desafios psicológicos enfrentados na terceira idade estão relacionados com questões ligadas a outras ordens, como física e social. Em relação ao fator social, os idosos precisam lidar com o falso entendimento de que eles são inúteis, incapazes ou não podem ter independência para fazer suas atividades diárias.
“O maior desafio psicológico está ligado a essas outras limitações físicas e sociais, que acabam acarretando problemas psíquicos, como ansiedade e quadro de depressão. Esses preconceitos podem fazer a pessoa idosa se sentir isolada e negligenciada, um incômodo para a família”, complementa a psicóloga. Além disso, pode haver um sentimento de abandono causado pela síndrome do ninho vazio, quando essa pessoa percebe que os filhos se afastaram ao sair de casa, seja por casamento ou para estudar ou trabalhar em outra cidade.
Apoio familiar
Um passo importante para lidar com a saúde mental da pessoa idosa começa com ressignificar esse entendimento da terceira idade como um final de vida. Isso porque, mesmo com as limitações da idade, uma pessoa idosa pode ser ativa, deve ser ouvida e poder se posicionar para tomar suas próprias decisões, desde que isso não vá lhe causar malefícios. A prática de atividades físicas, manutenção de relações interpessoais e prática de atividades que sejam de seu interesse são formas importantes para a promoção de um bem-estar psicológico e emocional para o idoso.
A família também tem um papel importante nesse contexto. Ao notar mudanças psicológicas e emocionais, é essencial que essa pessoa idosa receba o apoio familiar, ou seja, demonstrar para esse idoso que a família está disposta a ouvir suas demandas e seus problemas.
Para além desse apoio, a família deve buscar um acompanhamento profissional para que as demandas dessa pessoa idosa possam ser atendidas. A partir de uma avaliação e atendimento psicológico, esse profissional poderá orientar quais os melhores caminhos para lidar com essas angústias e, caso necessário, realizar o encaminhamento para outros profissionais da área da saúde, como o psiquiatra.
“O entendimento de que apenas o suporte familiar é suficiente acaba restringindo essa pessoa de se desenvolver cada vez mais, melhorar suas habilidades, reduzir seus níveis de estresse, de ansiedade e de possíveis quadros de depressão. O suporte familiar sem o apoio psicológico pode, muitas vezes, atrapalhar o desenvolvimento e o resgate da saúde mental dessa pessoa”, complementa Valquíria Nascimento.
Alzheimer e demência
Para pacientes com diagnóstico de Alzheimer e demência, a melhor forma de proporcionar um bem-estar é através da informação. Conhecer os sintomas possíveis, suas implicações psíquicas, as limitações físicas e como lidar com isso, principalmente na esfera psicológica, é o primeiro passo para trabalhar a aceitação e como essas pessoas vão lidar com essas doenças.
Como cada doença se manifesta de forma individual, o acompanhamento psicológico deve acontecer de maneira individualizada também. Isso porque ele vai depender do contexto, do suporte que o paciente possui, das limitações que a pessoa vai apresentar, do que vai ser funcional para ela e do que vai ser mais adequado para ela se desenvolver.
“É por essa razão que a gente precisa procurar um profissional de psicologia para que ele possa, juntamente com o paciente, organizar como esse quadro pode ser trabalhado e como o paciente e a família dele podem lidar melhor com os sintomas e dificuldades que estão por vir”, finaliza a professora da UniFG, que integra o Ecossistema Ânima.