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Especialistas dizem que cancelamento do Censo pode afetar políticas para crianças fora da escola e analfabetos

Suspensão da coleta de dados também deve prejudicar ações para o futuro

Por Da Redação
Ás

Especialistas dizem que cancelamento do Censo pode afetar políticas para crianças fora da escola e analfabetos

Foto: Eduardo Paiva/TV Globo

A suspensão do Censo de 2021, pode deixar os municípios brasileiros "no escuro", de acordo com especialistas procurados pelo G1. Eles afirmam que não haverão dados e referências para comprovar se as políticas aplicadas na última década surtiram efeito, além de apontar que não haverá informações para formular as ações para o futuro.

"É por meio dos dados do Censo que se distribuem os recursos para educação, saúde, assistência e todas políticas públicas. Para quem quer acabar com essas políticas, não realizar o Censo é o passo primeiro", diz André Lázaro, diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana. 

Nos dados sobre educação, o Censo mapearia o analfabetismo, indicando quantas pessoas não sabem ler em cada bairro, por exemplo. Também captaria informação sobre a escolaridade, cruzando dados com a idade da população, indicando quantos adultos em cada cidade não concluíram os estudos e quantas crianças estão fora da escola. "Além disso, há uma série de cruzamentos entre os dados educacionais e a cor, o sexo, a ocupação e as faixas de renda da população", explicou o IBGE.

Sem o detalhamento, o país fica sem saber onde estão os 69,5 milhões de adultos acima de 25 anos que não completaram a educação básica em 2019 e os 11 milhões de brasileiros acima de 15 anos que não sabem ler e escrever. Os números são de outra pesquisa do IBGE, a Pnad Educação, feita anualmente. Sendo a mais recente, divulgada em julho de 2020 com base em dados coletados em 2019.

"Deixar de realizar o censo demográfico deixa basicamente as municipalidades no escuro. O Censo Escolar, por exemplo, que é feito pelo Inep (órgão vinculado ao Ministério da Educação) só capta quem está no sistema e é um registro administrativo, feito por secretários das escolas. Não há informações sobre renda da família do aluno, a declaração sobre raça e cor é bem precária e, muitas vezes, não é preenchida", afirma. Joice Melo Vieira, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Lucas Fernandes Hoogerbrugge, líder de Relações Governamentais na organização Todos Pela Educação, compara a suspensão do Censo à navegação sem instrumentos. "Vamos ficar só com dados amostrais, em que os estatísticos acabam fazendo projeções, que precisam ser calibradas de tempo em tempo. O Censo não precisa disso. Mas sem ele, hoje estamos no escuro, não vamos saber dados por município e isso atrapalha o planejamento da expansão da oferta da educação infantil", afirma.

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