Especialistas dizem que compra de vacinas por empresas é quase impossível atualmente
Empresários articulam mudanças em lei que obriga disponibilidade de doses ao SUS
Foto: Reprodução/Portal Contábeis
A pressão para garantir um ritmo mais acelerado de vacinação contra a Covid-19 no Brasil vem crescendo e enquanto o volume de imunizantes é escasso, alguns empresários articulam um movimento para alterar a lei que obriga a doação de imunizantes adquiridos pela iniciativa privada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Caso a exigência seja eliminada, os executivos alegam que terão condições de comprar 10 milhões de doses.
A articulação acontece em meio a uma investigação sobre uma suposta importação sigilosa da vacina da Pfizer por empresas de Minas Gerais, contudo, os especialistas dizem que não há possibilidade de se ter vacinas privadas rapidamente no Brasil, além de afirmam que a venda de vacinas no país só deve acontecer a partir da metade do segundo semestre, depois que o processo de imunização no mundo estiver mais regularizado.
"Temos que lembrar que a Medida Provisória que permite a compra de vacinas por privados permite o pagamento antecipado, antes do recebimento das doses. Isso amplia a possibilidade de golpes", afirma Silvio Guidi, advogado sanitarista do escritório Vernalha Pereira, que tem orientado seus clientes a tomar cuidado ao tentar comprar vacinas.
A epidemiologista Carla Domingues, que foi Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde por dez anos, lembra que os grandes produtores mundiais estão com problemas para garantir as entregas aos países que compraram primeiro os imunizantes dentro dos prazos.
Por isso, não faz sentido para esses laboratórios discutir a oferta de doses ao setor privado. "Não vejo justificativa para a venda de vacinas dos laboratórios para empresas. Elas pagariam mais que os governos? Isso seria um dano de imagem monumental para os laboratórios", disse Domingues.