(PARA O FDS) Estudo alerta para os riscos do uso excessivo de bombinhas para asma
Os pesquisadores analisaram 218 pacientes asmáticos, dos quais 80,3% haviam recebido prescrição de SABA além da terapia de manutenção
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Um estudo recente destacou os riscos do uso excessivo e inadequado de bombinhas de asma tipo SABA (beta2 agonista de curta duração), associando-o a um aumento de reações graves da doença. A pesquisa, que analisou dados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, foi publicada no Jornal Brasileiro de Pneumologia e faz parte do estudo global SABINA, patrocinado pela AstraZeneca.
A pesquisa é pioneira ao analisar as práticas de prescrição de SABA no Brasil. Esses medicamentos, indicados para o alívio rápido dos sintomas da asma, atuam dilatando os brônquios, mas não são recomendados para o tratamento de longo prazo. O estudo revelou uma prescrição excessiva de SABA no Brasil, o que pode piorar o quadro de asma dos pacientes e levar à necessidade de corticosteroides orais, que apresentam efeitos colaterais significativos.
Os pesquisadores analisaram 218 pacientes asmáticos, dos quais 80,3% haviam recebido prescrição de SABA além da terapia de manutenção, com uma média de uso de 11,2 frascos do medicamento nos 12 meses anteriores à pesquisa. Cerca de 49,1% desses pacientes tiveram uma ou mais exacerbações graves da doença, confirmando que o uso excessivo de SABA pode aumentar o risco de manifestações graves da asma.
Marcelo Rabahi, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina da UFG e um dos pesquisadores do estudo, afirmou que os resultados são preocupantes e indicam um padrão de prescrição que foge às recomendações médicas. "O uso excessivo desses medicamentos pode levar a uma falta de percepção da gravidade da doença e à necessidade de tratamentos mais agressivos com corticosteroides orais", destacou Rabahi.
Rabahi enfatiza que a piora no quadro de asma está relacionada ao uso indevido de SABA. "Não queremos que as pessoas parem de usar esse tipo de bombinha, pois em algumas situações seu uso é necessário. O problema é o uso inadequado como tratamento da asma", completou.
A asma, uma das doenças respiratórias mais comuns no Brasil, é caracterizada por dificuldades respiratórias, chiado e aperto no peito. O tratamento adequado deve incluir o uso de bombinhas com corticoides inalatórios para o controle da inflamação dos brônquios.
Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explicou que a prescrição excessiva de SABA pode ser decorrente da falta de atualização dos médicos sobre as novas diretrizes de tratamento da asma. "Programas de educação continuada para médicos generalistas podem reduzir essa lacuna entre o tratamento recomendado e o prescrito de forma inadequada", afirmou Prado.
Desde 2019, o Comitê Diretivo da Iniciativa Global pela Asma (GINA) recomenda o uso de broncodilatadores associados a corticoides inalatórios, e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) reforçou essa recomendação em 2020. A combinação reduz o risco de crises de asma e é considerada mais segura e eficaz.
Prado conclui que é fundamental garantir o acesso dos pacientes aos melhores tratamentos disponíveis e promover a atualização contínua dos profissionais de saúde para melhorar o manejo da asma no Brasil.