Estudo americano revela que Covid-19 tem tendência a se aproximar de proteínas produzidas pelo tipo A
Pesquisas sobre a relação entre o tipo sanguíneo e o vírus também estão sendo feitas no Brasil
Foto: Reprodução/Pfarma
Para responder a uma pergunta que surgiu logo no início da pandemia e ainda está em aberto, uma equipe de cientistas das faculdades de medicina de Harvard e Emory (EUA) decidiu observar, a nível microscópico, como proteínas do coronavírus interagem com proteínas de células humanas antes de infectá-las.
A resposta oferecida pela pesquisa, publicada em março na revista científica Blood Advances, foi a de que sim, o coronavírus mostra uma "forte preferência" em se ligar a proteínas que só o tipo sanguíneo A tem, particularmente aquelas presentes nas células respiratórias nos pulmões.
Segundos os autores, o experimento demonstrou "conexão direta entre o tipo sanguíneo A e o SARS-CoV-2" e é uma "evidência adicional de que alguns tipos sanguíneos podem estar associados com um risco maior de contrair a doença".
Pesquisadores e médicos brasileiros também estão buscando, por aqui, correlações entre tipo sanguíneo e Covid-19. O médico Gil de Santis, hemoterapeuta do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), juntamente com sua equipe estavam realizando um ensaio clínico randomizado controlado.
O experimento envolvendo humanos que é considerado "padrão ouro" em testes com remédios e vacinas foi feito com o tratamento de plasma convalescente (a parte líquida do sangue, contendo anticorpos que podem ser infundidos em outras pessoas adoecidas com Covid-19), quando perceberam tiveram uma surpresa.
"Alguns meses depois do início do ensaio clínico, percebi que tinha uma coisa muito esquisita ali. A gente tinha que tipar (registrar o tipo sanguíneo) os pacientes para transfundir o plasma, e percebi que tinha muito mais A do que O — uma inversão do que se observa na população, tanto a brasileira quanto a nossa", conta.
Apesar dos resultados obtidos por americanos e brasileiros, os cientistas alertam que resultados como esse são preliminares e que não há consenso sobre a associação entre tipos sanguíneos e Covid-19. Portanto, ter um ou outro tipo sanguíneo não é motivo para desespero e menos ainda para descuido com medidas preventivas contra a doença.