Estudo aponta perda de 90% dos corais em Alagoas: 'Grande cemitério embaixo d’água'
Aumento da temperatura no oceano, impactos humanos e fenômenos como El Niño explicam branqueamento dos corais
Foto: Ufal
Mais de 90% dos corais em Alagoas foram perdidos, segundo análise preliminar feita em agosto por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O aumento da temperatura no oceano, impactos humanos e fenômenos como El Niño explicam a alta mortalidade dos animais.
O estudo foi feito em Maragogi, Maceió e Paripueira. Segundo os pesquisadores, este ano a temperatura da água bateu recordes, chegando a 34ºC. Isso significa que ficou cerca de 3°C acima da média para o período, o que resultou em um evento de branqueamento dos corais em grandes proporções.
“Os resultados das nossas análises preliminares foram devastadores. Apesar da beleza dos recifes alagoanos quando vistos de cima, o que encontramos embaixo d’água foi um grande cemitério de corais”, alertam Robson Santos e Ricardo Miranda, do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno (Ecoa), em entrevista ao g1.
O branqueamento é causado pelo estresse que os corais sofrem que faz com que eles reduzam as taxas de crescimento, diminuam a capacidade reprodutiva, aumentem a suscetibilidade a doenças e elevem as taxas de mortalidade.
A pesquisa da Ufal é feita por meio de várias metodologias com instalação de sensores para avaliar a temperatura nos recifes e sondas para mapeamento digital detalhado da estrutura, além de mergulhos para registrar com imagens a cobertura de corais e os peixes recifais.
As avaliações são feitas em três momentos: antes, durante e depois do aquecimento das águas para ter uma ideia mais clara do estado real das perdas após esse evento extremo.
“Os corais são o coração dos oceanos, fornecendo abrigo e alimento para inúmeras espécies marinhas. Com sua morte, a biodiversidade marinha é afetada, impactando diretamente a pesca, o turismo e até mesmo a proteção da linha de costa contra tempestades e erosões. Quando os corais morrem, os ecossistemas marinhos enfraquecem. E nós, humanos, também sentimos o impacto”, lamentam os pesquisadores, em entrevista ao g1.
A Ufal informou que está articulando parcerias com a academia, o Estado e ONGs para pensar alternativas de reestruturar os corais e gerar renda com o turismo sustentável.