Estudo aponta que China controla natalidade de mulheres para reduzir minoria étnica
Governo justifica que iniciativa faz parte de combate ao terrorismo islâmico
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De acordo com um estudo do pesquisador alemão Adrian Zenz, juntamente com uma reportagem da Associated Press publicada nesta segunda-feira (29), denunciam que o governo da China estaria usando métodos de controle de natalidade forçados e até abortos para diminuir a população do grupo étnico uigur na província de Xinjiang.
O governo do país asiático permite que as mulheres tenham entre até três filhos, dependendo da região onde moram, entretanto, o estudo denuncia que os uigures são alvo de uma campanha de controle de natalidade que não é observada entre a etnia Han, que representa 92% da população chinesa.
As autoridades chinesas as coagem as mulheres para que se submetam a cirurgias de esterilização e ameaçam interná-las em campos de reeducação caso se recusem a realizar o aborto. Até mesmo as mulheres que não tem filhos ou que possuem menos filhos do que a lei permite são forçadas a inserir um DIU (Dispositivo Intrauterino) para não ficarem grávidas. Algumas, depois de sair da China, descobrem que estão estéreis.
Esterilização
Com todas essas ações coercitivas em andamento, Zenz constatou que, entre 2017 e 2018, o crescimento populacional nos municípios onde os uigures são maioria ficou abaixo do crescimento médio observado nos municípios onde a etnia Han é predominante entre 2017 e 2018, um ano após a taxa de esterilizações na região ultrapassar drasticamente a taxa nacional.
No ano passado, a taxa de natalidade na China caiu 4,2%, mas em Xinjiang ela foi 24% menor em relação a 2018. “Esse tipo de queda é sem precedentes... existe uma crueldade", disse Zenz, que é especialista em policiamento das regiões minoritárias da China. "Isso faz parte de uma campanha de controle mais ampla para subjugar os uigures". Outro dado que mostra a extensão desta campanha do governo é o número de DIU’s inseridos em mulheres da região.
Em 2014 eram cerca de 200 mil e em 2018, 330 mil, um aumento de 60%, enquanto que em outras regiões da China esse número tem diminuído. A China justifica essas medidas dizendo que grandes famílias uigures são a raiz do terrorismo islâmico em Xinjiang. Autoridades regionais ainda estimulam o casamento entre etnias para diluir a identidade cultural dos uigures e promover a assimilação de uma “raça nacional chinesa”, segundo Zenz.
"Essas descobertas levantam sérias preocupações sobre se as políticas de Pequim em Xinjiang representam, em aspectos fundamentais, o que pode ser caracterizado como uma campanha demográfica de genocídio", segundo as definições da ONU", disse Zenz no relatório.