Estudo revela os desafios da saúde mental no ambiente corporativo

Pesquisa com quase 9 mil trabalhadores no Brasil destaca riscos à saúde mental, insônia e sedentarismo

Por Da Redação
Ás

Estudo revela os desafios da saúde mental no ambiente corporativo

Foto: Reprodução/GETTY IMAGES

O tema da saúde mental continua em destaque no ambiente corporativo, revelando uma situação preocupante. Um estudo realizado com 8.980 trabalhadores de diversas hierarquias no país, obtido pelo Valor, indica que 48% deles estão em risco de problemas de saúde mental. Além disso, 44% sofrem de insônia, 60% são sedentários e 60% enfrentam sobrepeso e obesidade. Os dados foram coletados entre profissionais de empresas de setores variados, incluindo tecnologia, varejo e bens de consumo, promovendo uma visão abrangente da realidade nas organizações.

Thiago Liguori, Chief Medical Officer da Pipo Saúde, explicou que o risco de questões de saúde mental foi avaliado por meio de questionários que identificam a possibilidade de transtornos como ansiedade generalizada ou depressão. Ele ressaltou que, embora seja necessária uma avaliação profissional para um diagnóstico preciso, a pesquisa focou no termo "risco de doença".

Os números do Ministério da Previdência Social adicionam mais preocupação a esse cenário. Em 2023, foram concedidos 288.865 benefícios por incapacidade devido a transtornos mentais no Brasil, um aumento de 38% em relação a 2022. Essa estatística abrange benefícios temporários e permanentes.

A pandemia, segundo Liguori, contribuiu para reduzir o estigma em torno dos transtornos mentais, levando mais pessoas a buscar ajuda. O aumento do estresse, cobranças e insegurança psicológica nas empresas, combinado com demissões, carga horária extensa e maior volume de tarefas, impacta negativamente no bem-estar mental.

O estudo revelou que apenas 36,2% das empresas com até 500 colaboradores ofereciam benefícios de saúde mental. Liguori observou que a maioria dos líderes nas empresas não recebe treinamento adequado para lidar com alterações na saúde mental dos colaboradores.

Claudio Maggieri, general manager para a América Latina na ADP, destaca que a preocupação com a saúde mental ganhou maior relevância após a pandemia, mas ressalta que nem todas as organizações mantiveram a mesma atenção ao longo do tempo. Ele enfatiza a importância de estratégias como flexibilização, melhoria do clima, transparência e diversidade para lidar com os impactos na saúde mental.

Liguori e Maggieri concordam que, embora as empresas estejam avançando na compreensão dos efeitos da saúde mental, há um longo caminho pela frente. Ambos destacam a necessidade de uma abordagem mais estruturada e sustentável, não apenas como responsabilidade ética, mas como uma estratégia inteligente para promover ambientes de trabalho produtivos e duradouros.

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