Ex-presidentes presos
Foto: Divulgação/Instituto Lula
O novo encarceramento do ex-presidente Michel Temer, consumada na tarde de ontem, coloca novamente o Brasil como uma das raras nações mundiais em ter dois ex-chefes do Executivo Federal na prisão – dois, ele e Luiz Inácio Lula da Silva, há mais de um ano preso em Curitiba, que não são os dois que sofreram impeachment, ou seja, depostos do cargo acusados por uma série de infortúnios administrativos.
Mas independente do julgamento das acusações e da determinação de prisão de Temer na última quarta-feira (8), alvo junto ao coronel Lima da Operação Descontaminação, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro (investiga desvios da ordem de R$ 1,8 bilhão nas obras da usina nuclear de Angra 3), este panorama é devastador a um país cuja democracia é constantemente manchada pela corrupção extrema.
A intensificação do sentimento de combate à corrupção que emana da população, junto ao fortalecimento de instituições, como parte de Judiciário e a Polícia Federal, foram eficazes ao ponto de desmascarar esquemas ilícitos que movimentaram até bilhões de reais, e que envolveram nomes de políticos do alto escalão nacional.
Punir quem desvirtua leis é louvável, no entanto, a outra face da moeda é desnudar um Brasil infectado por bandidos profissionais, ávidos pelo dinheiro público, que desestabilizaram diversas gerações, sem ainda uma luz ao fim do túnel.
Prender Lula, Temer e centenas de outros políticos também encarcerados, às vezes repercutira com certa espetacularização na mídia, e vista como crime conta a humanidade pelas militâncias, deveria ser encarado como uma ação policial – e judicial – assim como é quando se prende marginais amadores ou inescrupulosos assassinos. O político não é imaculado e vê-lo detrás das grades é apenas uma etapa da longa, quase eterna, jornada para limpar o Brasil destes criminosos travestidos de representantes engravatados do povo.