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Cultura

Exposição realizada pelo CCBB Salvador propõe a força negra das mulheres

Evento será exibida no Museu de Arte Contemporânea da Bahia a partir desta quinta-feira (7)

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Exposição realizada pelo CCBB Salvador propõe a força negra das mulheres

Foto: Matheus Landim/GOVBA

Uma rara exposição de uma coleção de joias brasileiras, chamada de Joias de Crioula, motivou a realização do evento Dona Fulô e Outras Joias Negras, promovida pelo CCBB e que será exibida no Museu de Arte Contemporânea da Bahia a partir desta quinta-feira (7), data em que também será lançado “Florindas”, livro que complementa a exposição. 

A mostra, tem com referência a identificação de uma fotografia onde uma mulher negra aparecia plena de joias e ricamente vestida, revela a prática implementada pelas “escravas de ganho” e mulheres libertas, que por vários caminhos evocavam sua história ancestral africana, com altivez, orgulho e fé.

A foto que influenciou a exposição era de Dona Fulô, o encantamento e a busca pela identidade da personagem, do colecionador baiano Itamar Musse. Após adquirir uma importante coleção de Joias de Crioula, recebeu de presente do artista, curador e museólogo Emanoel Araújo considerado um dos maiores expoentes da arte afro-brasileira a foto de uma mulher negra com muitas joias, onde reconheceu imediatamente a pulseira que a mulher usava dentro de sua coleção.

“Porque essas joias simbolizavam a manutenção de sua cultura, a preservação da sua autoestima e a sua resistência a condição de mercadoria”, relatou sobre começar a pesquisar a identidade da personagem e também saber mais sobre outras mulheres que possuíram preciosidades tão originais. 

Já o livro "Florindas" que narra a trajetória dessa descoberta que vai muito além da apresentação das joias raras ajuda a compôr a exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras trazendo o valor simbólico da construção cultural que vem com os negros escravizados e se transforma na convivência entre diferentes matrizes no novo continente. 

As Obras

As Histórias de Florindas

Aqui é proposto ao visitante um mergulho no Brasil dos séculos XVIII e XIX, em especial na Bahia dos tempos de Colônia e Império, e na magnífica prática transgressiva implementada pelas escravas alforriadas, que por vários caminhos evocavam sua história ancestral africana.  

As Histórias Florindas faz um sobrevoo sobre a Salvador que abriga o surgimento das Joias de Crioulas e os desdobramentos ao longo dos séculos até a atualidade. Em um ambiente imersivo, coloca as diferentes representações das épocas, dos artistas viajantes do século XIX aos primeiros fotógrafos que registram as mulheres, suas vestimentas e suas joias; de Pierre Verger às ganhadeiras de Itapuã. Tempos que convivem em uma mesma experiência.

Artistas: Adenor Gondim; Alberto Henschel; Carl Kretschmar: Carlos Julião; Friedrich Salathé; Gilberto Gil; Jean-Baptiste Debret; Jean-Baptiste Grenier; Johan Steinmann; Joseph Leon Righini; Lady Maria Callcott; Marc Ferrez; Pierre Verger; Rodolpho Lindemann; Rosa Bunchaft; Vicente de Mello; Vik Muniz; William Smyth.

As Raras Florindas

O segundo núcleo tem como centro a coleção de Joias de Crioula reunida por Itamar Musse. Elas são apresentadas em contato com os tecidos e com as fotos das mulheres paramentadas. O símbolo maior é Florinda Anna do Nascimento, Dona Fulô, cujas joias com que se deixa fotografar estão todas integradas a esta coleção.

Artistas: Pierre Verger; Adenor Gondim e Vicente de Mello.

As Armas Florindas

O terceiro eixo, realizado pelas curadoras Eneida Sanches e Marília Panitz, apresenta um recorte da produção contemporânea de artistas brasileiros negros que emulam essa história e propõe novas transgressões poéticas.  Através de esculturas, vídeos, pinturas, objetos e outras mídias, os artistas fazem numerosos desdobramentos das joias de Dona Fulô: joias-folhas, joias-marés, joias-rezas, joias-roupas. Os recursos utilizados vão do uso do corpo como cofre para garantir a proteção de seus bens, ao aceno de liderança e autoridade para os desvalidos, e à espiritualidade – fundação sobre e ao redor da qual tudo se agrega e regenera.

Participam desse núcleo: Antonio Obá (DF), Bauer Sá (BA), Charlene Bicalho (MG), Cris Tigra (MG), Dalton Paula (GO), Eustáquio Neves (PB), Gilmar Tavares (BA), Hariel Revignet (GO), Janaina Barros e Wagner Leite (SP), Josafá Neves (DF), José Adário dos Santos (BA), Lidia Lisboa (PR), Marcela Cantuária (RJ), Maré de Matos (SP), Moisés Patrício (SP), Nádia Taquary (BA), Paulo Nazareth (MG), Sidney Amaral (SP), Silvana Mendes (MA), Sonia Gomes (MG), Tiago Santana (BA) e Val de Souza (SP).

Serviço

Dona Fulô e Outras Joias Negras
Museu de Arte Contemporânea – MAC BA
Rua da Graça, 284, Graça, Salvador / Bahia
Tel: (71) 3117-6987
Abertura para o público: dia 7 de novembro de 2024
Lançamento do livro e conversa com o editor Charles Cosac – 16 horas
Bate papo com as curadoras Carol Barreto, Eneida Sanches e Marilia Panitz – 19 horas
Visitação: de 7 de novembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025
Dias/Horários: terça a domingo, das 10 às 20h
 

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