Família e amigos de Moise Kabagambe relatam ameaças e deixam o Brasil
Ao menos 15 pessoas ligadas ao congolês relataram sofrer perseguições
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Na última quinta-feira (21), Chadrac Kembilu, primo e amigo de Moise Kabagambe, congolês que foi espancado até a morte após cobrar dívida em um quiosque na Barra da Tijuca em 24 de janeiro, precisou fugir do Brasil devido às ameaças que vem sofrendo. Chadrac se tornou conhecido por expor vídeos em que mostrava a sua indignação pela morte do primo.
Outros amigos de Moise, que deram depoimento à Policia Civil durante as investigações no caso, também precisaram deixar o país por conta de perseguições. De acordo com a CNN, ao menos 15 pessoas ligadas a Moise relataram sofrer ameaças em suas redes sociais e, por medo, não procuram a polícia.
Chadrac morava em um condomínios de prédio do programa Minha Casa, Minha Vida que era comandado por criminosos da Zona Norte do Rio e, depois de conceder entrevistas e cobrar justiça pela morte do primo, foi expulso do local e passou a sofrer ameaças. À CNN, ele informou que as perseguições acontecem através de ligações e mensagens.
Como compensação à família de Moise, a prefeitura do Rio de Janeiro chegou a conceder o quiosque mas, também devido às ameaças, os parentes do congolês desistiram de assumir o local. Um amigo próximo do congolês relatou ter sido perseguido por carros perto de sua casa, além de ter recebido ameaças no Facebook e Instagram, que diziam para que não chegasse perto do quiosque.
Para a Anistia Internacional, de acordo com documento obtido pela CNN, o grau de risco dos congoloses era “alto” e uma série de restrições de mobilidade e uso de redes sociais foi recomendado. Mesmo assim, não houve forma deles se sentirem seguros. Pascoal Nascimento, advogado de Chadrac, diz que a fuga dos amigos de Moise servem para mostrar que o Brasil "está longe de ser o país acolhedor que achamos".