Familiares de pediatra morto na clínica que trabalhava questionam polícia sobre 'elucidação' do crime
Dupla disse que crime teria sido encomendado por companheiro de uma mulher que teria sido assediada pela vítima
Foto: Reprodução / TV Bahia
Após a Polícia Civil divulgar nota oficial, em que fala que o caso foi elucidado, familiares do pediatra Júlio Cesar de Queiroz Teixeira, de 44 anos, morto dentro da clínica onde trabalhava, na Bahia, questionam a corporação. O documento afirma que o crime teria sido encomendado por um homem que seria o companheiro de uma mulher que teria sido assediada pela vítima.
Os familiares de Júlio César, em nota, elogiam o trabalho dos policiais da Delegacia Territorial (DT) do município de Barra e da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (14ª Coorpin/Irecê), ao longo dos últimos quatro dias, desde que o pediatra foi morto. No entanto, julgam como "precipitada e temerária" a nota divulgada pela assessoria de comunicação da Polícia Civil, em que afirma no título que o caso foi elucidado.
"Elucidar significa esclarecer, decifrar, explicar de forma a não restar mais dúvidas a respeito do ocorrido. E sabemos que este caso ainda não foi elucidado inclusive pelo fato de que, na mesma nota, a Ascom da Polícia Civil reitera textualmente que 'as equipes continuam realizando diligências para localizar e prender o mandante do crime", disse o documento enviado pela família.
Ao g1, o engenheiro agrônomo e advogado, Geraldino Gustavo, irmão de Júlio César, falou que a família está revoltada com a situação.
"Totalmente revoltados. Não há nenhuma outra fundamentação, outra conclusão, ao não ser as palavras dos bandidos. Não tem nenhum elemento que confirme essa versão, nenhuma prova do que eles falaram", disse o irmão do pediatra.
"A nota da Ascom, da polícia, é muito falha, contraditória. Já pensou se o bandido falar uma coisa e no outro dia colocar como o certo o que ele tá dizendo? Não tem uma prova que confirme".
Conforme Geraldino Gustavo, a polícia precisava de mais elementos para considerar o caso como elucidado.
"Aonde foi que meu irmão fez isso? Quando? Ele está morto e não pode dizer nada. O que tem a favor dele é que são 20 anos de trabalho prestados e se você procurar, ninguém concorda, todo mundo está revoltado", afirmou.
Os familiares de Júlio César também questionam uma declaração do delegado Ernandes Reis Santos Júnior, coordenador da 14ª Coorpin/Irecê, divulgada na nota, em que afirma que “o mandante do homicídio alegou que a vítima teria cometido um suposto assédio a sua esposa e por esse motivo determinou a morte do médico”.
"Ora, se a Polícia Civil ainda está em busca do mandante, como ele poderia ter alegado esta motivação?", questionou.
O irmão de Júlio César afirmou ainda que agradece a agilidade das investigações da Polícia Civil, mas não entende a validação do discurso dos suspeitos como "verdade absoluta".