Famílias desistem de deixar o sul de Gaza por falta de apoio financeiro: 'não há ajuda no Brasil'
Atualmente, há 26 pessoas na lista de repatriação; mais de duas já desistiram de cruzar a fronteira com Egito por questões financeiras
Foto: UNICEF/Eyad El Baba
As famílias brasileiras que estão na Faixa de Gaza estão desistindo de deixar a região e retornar ao Brasil por não terem condições financeiras de se manter em solo brasileiro. De acordo com a Embaixada do Brasil na Palestina, até o momento, mais de dois brasileiros decidiram continuar em território palestino e não cruzar a fronteira com o Egito.
Em entrevista ao GloboNews, uma família disse temer vir ao Brasil por questões financeiras. De acordo com Mohammad Farahat, o apoio financeiro do Brasil cobre apenas o translado até o país. Dessa forma, se forem repatriados, precisarão arcar sozinhos com os demais custos, o que os preocupa.
"Não há ajuda financeira. Eu perguntei ao embaixador [Alessandro Candeas, representante do Brasil na Palestina] para tentar ajudar a cobrir o custo do período de hospedagem no Brasil, assim como o custo de retornar à Gaza, porque, você sabe, Gaza, assim como a Palestina, é nossa casa. E assim que a situação normalizar, precisamos voltar para casa", relatou Farahat.
Enquanto isso, a família está na casa de parentes, tentando ao máximo se proteger dos bombardeios que não cessam. "As pessoas aqui começaram pela segurança, pela casa. Então todas as pessoas aqui pensam como garantir segurança, depois podem procurar por comida, água, etc", completou.
O que diz a Embaixada
De acordo com o embaixador, a embaixada está avaliando opções de acolhimento em São Paulo e trabalhando nessa questão. Se receberem uma resposta positiva, eles poderão mudar de decisão e se juntar ao grupo que vai viajar para o Brasil.
Atualmente, há 26 pessoas na lista de repatriação, incluindo 17 brasileiros, sete palestinos com Carteira de Registro Nacional Migratório (RNM) e dois palestinos em Khan Younes e Rafah. A maioria do grupo é composta por crianças e mulheres. Eles estão aguardando a liberação da passagem em Rafah, na fronteira com o Egito, para serem levados ao aeroporto e retornarem ao Brasil.